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Vacina de onde vier

Desde que não compita com o SUS, setor privado pode ajudar a ampliar imunização

Dose de vacina da Pfizer é preparada em Puurs, na Bélgica - Dirk Waem/AFP

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Por uma mistura de escolhas erradas, ideias estúpidas e incompetência governamental, o Brasil está vergonhosamente atrasado na vacinação de sua população contra a maior pandemia em um século.

Não é o caso de acrescentar mais um erro a essa montanha de incúrias e dificultar iniciativas empresariais capazes de ampliar a oferta de imunização no país —desde que elas ocorram de modo complementar e não predatório em relação ao esforço do setor público.

Em termos de escala e prioridade, não há dúvidas de que o foco das autoridades tem de ser o programa nacional, público e gratuito, para imunizar o mais depressa possível os grupos vulneráveis.

Só os brasileiros com 50 anos ou mais de idade, a faixa com maior propensão a desenvolver complicações graves da Covid-19, ultrapassam 50 milhões de pessoas. Agregam-se a essa conta outros grupos, como as pessoas mais jovens que atuam no setor da saúde ou que têm certas comorbidades.

Imunizar esse público gigantesco num curto período, o que se descortina como o maior desafio de vacinação da história brasileira —e tragicamente coincidente com um dos governos mais incapazes que a República já conheceu—, é a tarefa precípua das administrações federal, estaduais e municipais.

Ainda que o setor público vença os obstáculos ciclópicos à sua frente, restarão cerca de 100 milhões de adultos fora das linhas de prioridade da ação governamental. Seria um despropósito excluir o setor empresarial privado do esforço para atender nem que seja uma pequena parcela dessa demanda.

Com a chegada de novos imunizantes aprovados por autoridades sanitárias nos próximos meses e anos, empresas e famílias terão onde satisfazer o interesse de proteger os seus integrantes que estejam fora dos programas públicos. Um mercado mundial vai naturalmente se formar em torno desses produtos, como já acontece com a vacina da gripe, por exemplo.

Resguardada a cláusula de o privado não competir com compras do setor público, a diretriz deveria ser facilitar ao máximo a importação de vacinas aprovadas pela Anvisa. Mais capilarizado e eficiente, o ramo empresarial é flexível para lidar com preços mais altos e volumes mais baixos de ofertantes que de outra maneira seriam jogados para fora do mercado por grandes compradores governamentais.

Regras restritivas forjadas em gabinetes de Brasília —por um governo sem compromisso com a saúde pública— retirariam do país mais uma opção de aumentar o acesso da população à imunização.

O mercado privado mundial de vacinas existirá a despeito disso. É melhor tirar proveito inteligente dele do que virar-lhe as costas.

editoriais@grupofolha.com.br

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