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Juros de volta

Pressão inflacionária e descrédito no governo levam taxa a alta mais acelerada

Sede do Banco Central, em Brasília - Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acelerou o ritmo de alta da taxa básica de juros, que subiu 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano. O motivo é a deterioração acentuada nos últimos meses das perspectivas para a inflação.

Além dos fatores temporários relacionados à pandemia —como as dificuldades das empresas em encontrar insumos e o encarecimento das matérias-primas— e de problemas climáticos que puxam preços de alimentos e da energia, o BC vê agora riscos que podem se tornar mais duradouros.

Com o avanço da vacinação, por exemplo, a retomada de atividades deprimidas, como os serviços, amplia a chance de repasses posteriores do choque de custos desde o ano passado, também devido à acentuada desvalorização do real.

O acúmulo de pressões pode levar a inflação ao consumidor neste ano a cerca de 8%, um salto em relação ao que se esperava há poucos meses e muito acima da meta perseguida pelo BC, de 3,75%.

A partir de um certo nível, os mecanismos formais e informais de indexação existentes no Brasil reforçam uma dinâmica inercial que se espalha por toda a economia e contamina as expectativas.

Não por acaso, nas últimas semanas o IPCA projetado para 2022 na pesquisa semanal do BC tem se distanciado gradualmente da meta de 3,5% fixada para o período.

Nesse contexto, diferentemente de países em que as pressões se esgotam com maior rapidez, por aqui são maiores os custos para reverter o processo, na forma de juros mais altos e maior perda de atividade e empregos —problema dramático quando se tem em conta a desocupação e a ampla ociosidade ainda existentes na economia.

É o risco de uma perda de confiança nas metas de inflação que o BC busca agora evitar com uma conduta mais austera. Além da alta mais rápida da Selic, a autoridade monetária indicou a disposição, que não havia antes, de colocar a taxa em nível acima do patamar neutro, aquele que a médio prazo estabiliza a inflação.

Em outras palavras, pretende-se elevar os juros até o ponto necessário para inverter a tendência de aceleração dos preços e fazer com que o IPCA volte a convergir para os objetivos estabelecidos, se não em 2022, ao menos ao longo dos primeiros meses do ano seguinte.

É um absoluto desperdício de oportunidades que o país se veja novamente diante da ameaça de uma taxa elevada, que dificultará a recuperação da atividade.

A culpa é do governo Jair Bolsonaro, que flerta continuamente com a irresponsabilidade na gestão das contas públicas e mina qualquer possibilidade de melhora da confiança na política econômica.

editoriais@grupofolha.com.br

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