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600 mil mortes

Marca vem em momento de melhora, mas apuração de desmandos não pode esmorecer

Covas abertas no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo - Eduardo Anizelli - 7,abr.21/Folhapress

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A marca trágica de 600 mil mortes por Covid-19 talvez já não choque como deveria os brasileiros, após mais de um ano e meio de pandemia. É da natureza da mente humana não permanecer em estado de alerta por meses a fio.

Graças aos avanços obtidos com a vacinação, reabrem-se bares, restaurantes, cinemas e teatros, e partidas de futebol voltam a ter torcida presente. A vida se aproxima do normal nas cidades, mantendo-se o uso de máscaras faciais e do onipresente álcool em gel.

Há seis meses, as mortes somavam mais de 4.000 por dia, número reduzido hoje a cerca de um décimo disso na média dos últimos sete dias. Ainda é demasiado —o equivalente a um Boeing 747-8 cheio, ou a duas salas de cinema.

Resta caminho considerável a percorrer com as vacinas e as medidas sanitárias. Menos da metade da população tem imunização completa, ou 60% dos adultos.

Morre-se ainda muito porque o vírus circula com relativa facilidade: em fins de setembro, o Imperial College de Londres calculava taxa de transmissão no Brasil acima de 1, ou seja, cada infectado transmite a Covid a mais de uma pessoa.

Para que a vacinação consiga conter a transmissão do Sars-CoV-2, são necessárias porcentagens de ao menos 70% da população. Felizmente há boa aceitação dos imunizantes, a despeito da sórdida campanha de descrédito promovida por Jair Bolsonaro e seguidores.

Diante dos descalabros apontados na CPI da Covid, impossível não pensar em quantas das vítimas poderiam ter sido salvas se houvesse boa gestão por parte de Brasília.

Ou, ao menos, sem negacionismo, propaganda de tratamentos ineficazes e desdém às máscaras, que se somam à falta de testes, de UTIs, de respiradores, de oxigênio.

Basta? Não. Como disse o presidente, nada não está tão ruim que não possa piorar. Investigam-se denúncias de desmandos em grandes operadoras de planos de saúde, Prevent Senior e Hapvida, que abraçaram o uso da hidroxicloroquina pregada pelo Planalto —e ainda hoje avalizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

O desejado retorno das atividades sociais e econômicas merece ser celebrado pela população, mas o alívio não pode obscurecer a apuração de responsabilidades pelos números macabros da pandemia.

editoriais@grupofolha.com.br

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