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Pressão de Lula volta a tumultuar a Petrobras

Declaração de ministro gera especulação sobre troca na chefia da empresa, em sinal de desordem administrativa e política

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Alexandre Silveira (esq.), ministro de Minas e Energia, e Jean Paul Prates, presidente da Petrobras - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O conflito escandaloso entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é o episódio mais recente de uma longa crise provocada pelo desejo do presidente da República e de outros nomes do governo de intervir nas diretrizes da maior empresa do país.

Os embates apenas se tornam mais vexatórios e contraproducentes, por abalar o crédito da estatal e criar ainda mais suspeitas sobre a racionalidade econômica de ideias e decisões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua equipe.

Em entrevista à Folha, Silveira fez questão de dizer que manda na empresa, que não abre mão da "autoridade" e que nisso tem apoio de Lula; desdenhou das capacidades de Prates. A nova fritura levou o presidente da petroleira a pedir reunião com Lula, a fim de discutir sua situação no cargo.

Nesse ínterim, Silveira, Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) debatiam o destino dos dividendos extras, retidos por decisão da maioria governista no Conselho da Petrobras —e circulava a notícia alarmante de que o petista Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, foi cogitado para o comando da petroleira.

O fato de o pagamento de dividendos ter motivado uma grande turbulência —e vir sendo discutido há semanas em reuniões ministeriais— já indicaria o quão politizada é a gestão da empresa. Mas o problema é mais profundo.

Desde o ano passado, Lula pressiona por intervenção nos preços dos combustíveis e na distribuição de lucros para os acionistas. Quer que a companhia invista mais, em refinarias ou na indústria naval.

Silveira e Costa fazem coro com o chefe. Haddad juntou-se recentemente às discussões e procura racionalizar o debate, mas o sucesso do seu plano fiscal depende também dos dividendos que a Petrobras paga ao Tesouro.

O governo federal, como acionista majoritário, pode definir diretrizes para a Petrobras. A condição é que não imponha a essa empresa mista, sob controle estatal, uma atuação que ignore orientações e condições de mercado, a não ser que a compense por eventuais perdas —como preveem a lei e estatutos da companhia.

Porém nem ao menos há plano claro. Sabe-se somente de vagos desejos de Lula, que lembram políticas de mandatos petistas anteriores, de resultados ruinosos.

Além de daninha para empresa e para a imagem econômica do governo e do país, esse novo capítulo da crise expõe desorganização administrativa e política.

Não há um curso planejado de ação, mas permissão para que autoridades se entreguem a intrigas e sabotagens a fim de influenciar os destinos da Petrobras.

editoriais@grupofolha.com.br

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