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Empresários insistem na conversão racional de Paulo Guedes à pauta do ambiente

Área desmatada em Apu’, no Amazonas - Lalo de Almeida/Folhapress

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Há algo de admirável na persistência de empresários em tentar convencer o governo brasileiro a recuperar o protagonismo que já teve na discussão global sobre ambiente. Com a aproximação da 26ª conferência do clima em Glasgow (COP26), eles voltam à carga, mesmo sem grande chance de êxito.

Espera-se que Paulo Guedes, ministro da Economia, receba na quarta (6) representantes de um grupo de 80 companhias que lançou o manifesto “Empresários pelo Clima”. Elas integram o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.

A lista de signatários fala por si: Alcoa, Amazon, B3, Bradesco, BRF, Carrefour, Embraer, Grupo Ultra, JBS, JSL, Klabin, Korin, Marfrig, Mastercard, Movida, Natura, Nestlé, Renner, Shell, Suzano, Vivo, Votorantim —e outras empresas e entidades seguem aderindo.

Demanda-se ali que o Planalto prepare a retomada do crescimento sob o prisma do cuidado com a base natural que sustenta a economia. Para influenciar Guedes, será apresentado estudo segundo o qual ações sustentáveis podem gerar receita adicional de US$ 123,7 bilhões (R$ 673 bilhões) ao país.

Na mira dos empresários se acha o desmatamento na Amazônia, que tanto macula a reputação brasileira. A dizimação da maior floresta tropical do mundo responde por 48% de toda a poluição agravadora do aquecimento global aqui gerada.

Levantamentos indicam que 98% da devastação ocorre ilegalmente. Com efetivo combate a delitos, o país garantiria já o cumprimento de quatro quintos das obrigações nacionais no Acordo de Paris (2015), tratado que estipula a adoção de metas mais e mais ambiciosas para conter em 1,5ºC o aquecimento da atmosfera.

O retrospecto do governo Jair Bolsonaro, entretanto, mostra-se desalentador. Por dois anos seguidos o desmate na Amazônia se deu na casa de cinco dígitos, acima de 10 mil km², revertendo avanços obtidos ao longo de uma década.

Revigora-se, sob o desmazelo federal, um processo predatório que pôs o Brasil na dianteira entre nove nações amazônicas, conforme relatório divulgado quinta-feira (30). Enquanto no bioma como um todo a média de antropização abarca 15%, aqui a floresta já teve 19% da área alterada por ação humana.

É com esse prontuário ambiental problemático que o país irá a Glasgow, apimentado com o negacionismo de Bolsonaro na matéria. Ainda que seja improvável, a exposição de seu governo à melhor ciência, à diplomacia racional e ao exemplo da elite empresarial deveria bastar para que retomasse a trajetória de nação antes vista como campeã da biodiversidade.

editoriais@grupofolha.com.br

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