André Mendonça serve ao país ou a Bolsonaro?
Frente ao Senado, o novo ministro do STF até flertou com a sensatez
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Como novo ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça será relator do processo em que partidos de oposição pedem que o governo seja obrigado a elaborar um plano de prevenção e combate a incêndios no Pantanal e na Amazônia. Será uma oportunidade de saber a quem serve André Mendonça —ao país ou a Bolsonaro.
Frente ao Senado, Mendonça até flertou com a sensatez. Lamentou as vítimas da Covid, disse que não misturará religião com Justiça ("Na vida, a Bíblia; no Supremo, a Constituição") e que defenderá "o direito constitucional do casamento civil de pessoas do mesmo sexo".
Uma vez aprovado, voltou ao seu tom original: "É um passo para um homem, um salto para os evangélicos". O ministro "terrivelmente evangélico" que Bolsonaro queria ver na mais alta corte do país lhe em sido terrivelmente subserviente até aqui. No Ministério da Justiça, André Mendonça colocou a Polícia Federal no encalço de jornalistas e defendeu a mudança na demarcação de terras indígenas.
Seu mandato como advogado-geral da União não foi menos obediente. Apoiou os desvarios de Bolsonaro contra a máscara (comprovadamente eficaz) e a favor da cloroquina (ineficaz em doses baixas e perigosa em doses altas).
Em julgamento no STF, defendeu restringir a liberdade de prefeitos e governadores de decretar quarentena na pandemia, chegando a dizer que "os verdadeiros cristãos estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião e de culto".
Não existe problema algum em um ministro do STF ser evangélico —31% do Brasil são. O perigoso é que só os mais reacionários sejam representados nos corredores do poder e usem seus cargos para fazer ativismo político-religioso. Com a chegada de um ungido por esses representantes ao Supremo Tribunal Federal, reforçamos uma prática muito nociva no Brasil, a de que o poder político determina a justiça, não o contrário.
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