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Governo zera fila do Auxílio Brasil, mas programa peca pela falta de focalização ao mirar eleitores

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Crianças em viela de favela em São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

Após a confusão nos últimos meses de 2021 para a criação do novo Auxílio Brasil, o governo Jair Bolsonaro (PL) finalmente anunciou ter zerado a fila de espera do programa, com a inclusão de mais 2,7 milhões de famílias elegíveis.

Agora, o total de beneficiários ultrapassa os 17 milhões, acima dos 14,6 milhões atendidos pelo Bolsa Família —recauchutado e extinto sobretudo por ser marca vinculada ao maior adversário político de Bolsonaro na eleição deste ano, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Depois de pagar um valor médio de R$ 224 em novembro, o Auxílio Brasil prevê benefícios de R$ 400 às famílias até o final deste ano. Dois meses após o segundo turno, portanto, o valor deve ser drasticamente reduzido para a grande maioria, já que, antes da mudança, 13 milhões de famílias recebiam menos do que os R$ 400 mensais.

O Auxílio Brasil atingirá de modo focalizado boa parte dos eleitores que hoje não querem reeleger Bolsonaro: os mais pobres, os nordestinos e os desempregados.

Esses três grandes grupos representam até metade dos eleitores e estão entre os que pior avaliam Bolsonaro. Em relação ao presidente, eles também sinalizam mais que o triplo de intenções de voto em Lula, segundo pesquisa Datafolha.

Se a focalização mira principalmente os eleitores descontentes com Bolsonaro, ela deixou de lado uma das maiores virtudes do Bolsa Família: destinar maiores recursos às famílias mais numerosas, sobretudo aquelas com crianças. Agora, todos receberão um valor semelhante, independentemente de suas necessidades específicas.

O próprio Bolsa Família, que quase chegou a completar 20 anos, já era considerado um programa desatualizado por especialistas, que defendem a adoção de mecanismos ainda mais focalizados.

Uma das principais propostas é a atualização permanente do Cadastro Único, sistema nacional de informações para fins de inclusão em programas sociais, para que haja detalhamento maior do perfil e das necessidades dos mais pobres e de trabalhadores informais.

Por meio do Cadastro Único, sabe-se hoje quantas famílias fazem parte desses grupos, mas não há registros nominais que permitam identificar onde vivem, em que trabalham e suas necessidades.

A atualização cadastral proposta seria feita a custo baixo, sem a necessidade de expansão no gasto social, usando-se a rede existente de Cras e Creas, centros de assistência social presentes em mais de 95% dos municípios brasileiros.

Sofisticar a focalização na área social, dentro do limite orçamentário, deve ser uma das tarefas primordiais do próximo governo. Quanto ao atual, é torcer para que não piore ainda mais o que já existe.

editoriais@grupofolha.com.br

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