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Sanção dos EUA ao petróleo da Rússia eleva os riscos de recessão com inflação

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Posto de combustíveis em Nova York (EUA) - Spencer Platt/AFP

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Com forte apoio entre republicanos e democratas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, proibiu importações de petróleo e derivados da Rússia, em mais uma escalada nas sanções econômicas em represália à invasão da Ucrânia.

A restrição, a primeira a atingir o setor de energia, levou as cotações do barril a quase US$ 130 —o que se configura grave, mas ainda não catastrófico, na medida em que as importações americanas não são significativas. Nesta quarta (9), viu-se queda do preço com melhora de expectativas dos investidores.

Para o Brasil fica mais difícil, política e economicamente, manter intacta a prática de repassar aos consumidores domésticos as variações internacionais. De todo modo, um choque mais grave, que praticamente asseguraria uma recessão mundial, depende de um embargo europeu que ainda não se vê.

A relutância da União Europeia em seguir o mesmo caminho decorre de sua dependência. Cerca de 40% dos combustíveis fósseis consumidos no continente vêm da Rússia, e essa fonte não pode ser substituída rapidamente.

Os estragos, de todo modo, já são significativos e se alastram para outras matérias-primas. Com peso de 3% na economia mundial, a Rússia responde por parcelas bem mais elevadas da produção e do comércio internacional de energia, metais e alguns alimentos, não raro ultrapassando 15%.

Na prática, as sanções acabam por segmentar os mercados que antes funcionavam quase sem discriminar a origem dos produtos, mesmo que as proibições legais ainda não os atinjam diretamente.

Isso ocorre porque participantes da cadeia produtiva —operadores logísticos, empresas comercializadoras, bancos, entre outros —recusam-se a transacionar com russos.

Talvez a maior novidade da situação atual nem sejam as draconianas sanções, mas a inédita conduta das empresas privadas ocidentais, pressionadas pela opinião pública e temerosas de riscos legais.

As consequências dessa segmentação do mercado também abalam as economias do Ocidente, num efeito bumerangue.

Assim, começa a subir a desconfiança e a cair a oferta de crédito, normalmente um prenúncio de problemas financeiros maiores, num momento em que a economia mundial já sofre os efeitos da inflação e se aproxima o momento da subida dos juros nos EUA.

O choque das matérias-primas torna o cenário mais complexo. No caso dos bancos centrais não será fácil navegar entre a pressão inflacionária, de um lado, e o risco de recessão magnificado, de outro.

A continuidade da guerra, com mais brutalidade e vítimas civis, deverá manter a escalada de novas sanções e impactos econômicos.

editoriais@grupofolha.com.br

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