Tempo de belas peleias
É hora de afiar as flechas políticas, firmar o pé na terra roxa da Esplanada
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Tem um tempo da vida e das peleias das mulheres que não passa por aqui. É um tempo precioso, o mais importante de cada dia, e que garante a esta metade da humanidade a possibilidade de seguir viva. É um tempo de estar juntas, alertas e despertas para enfrentar realidades. E de zelar pela vida da outra metade da humanidade também.
Esse tempo se vive em silêncio, quando o espírito pede, e com barulho, quando o coração grita. É como fazem as mães de jovens negros vítimas da violência do Estado. Punhos cortando o ar, caminhando debaixo de chuva pelo centro de São Paulo, por justiça e verdade pela morte de seus filhos. Elas cantam que "hoje o quilombo vem dizer, favela vem dizer, a rua vem dizer, que é nós por nós". E é mesmo.
Mesma coisa as mulheres guarani-kaiowás e mundurukus, tratores destruindo suas casas de reza e igarapés, horas de estrada ou de barco para chegar nesta semana a Brasília.
Tempo de vida para se fortalecerem com parentes de tantas nações indígenas pulsando o Acampamento Terra Livre: retomar o Brasil, defender territórios e aldear a política. A peleia ali não é só pela humanidade, é por tudo mais que ainda coexiste e silenciosamente resiste à mineração criminosa.
É tempo de afiar as flechas políticas, firmar o pé na terra roxa da Esplanada, conectar uma força que não é preciso ver, mas sempre se sente.
É um tempo de vida e das peleias das mulheres que não vemos nos jornais diários nem na televisão. E que bom que tudo bem —como a jornalista Monica Teixeira dizia— dar uma banana para quem acha que o que não está na mídia, não está no mundo. Porque está. E a gente pode se reencontrar. Mesmo que pelas redes sociais como muita gente (e o algoritmo) ainda prefere.
É bom ter de novo o tempo coletivo de mãos dadas —ainda de máscara— por muita coisa que precisa mudar. Cito Áurea Carolina: Que o tempo possa trazer a felicidade de volta.
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