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Pela divergência

Hostilizada pelo bolsonarismo, academia só tem a perder com atos de intolerância

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Fernando Holiday e outros nomes do Novo são impedidos de dar palestra na Unicamp - Reprodução

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Na noite de 29 de junho, quarta-feira, protestos de um grupo de estudantes de esquerda da Unicamp impediram que se realizasse no auditório da instituição paulista uma palestra sobre cotas e financiamento de universidades públicas.

A exposição caberia a três futuros candidatos do Partido Novo, Fernando Holiday, que pretende disputar vaga na Câmara dos Deputados, e Leo Siqueira e Lucas Pavanato, que deverão concorrer à Assembleia Legislativa.

Conflitos ideológicos no ambiente universitário não são nenhuma novidade. Os movimentos estudantis organizados refletem visões variadas do espectro político, e embates agressivos se dão até entre grupos que disputam preeminência num mesmo campo.

O que chama a atenção neste e em outros casos recentes são as tentativas, tanto à direita quanto à esquerda, de simplesmente silenciar adversários, impedindo-os de expressar suas opiniões.

Situações análogas de intolerância já ocorreram e continuam ocorrendo em universidades de diversos países, caso notório dos EUA, onde esse tipo de intervenção tem um histórico estridente.

Os confrontos se inscrevem num contexto de crescente polarização ideológica fomentado pela ascensão internacional de um ideário conservador não apenas na política institucional mas na chamada guerra cultural, que também envolve temas como racismo, feminismo e ambientalismo.

No Brasil, a vitória de Jair Bolsonaro, em 2018, deu impulso a uma onda de ataques às universidades públicas, tratadas pelo governo como "antros de esquerdistas".

A investida oficial para manietar professores e controlar conteúdos, aliada à aversão bolsonarista à cultura e à agenda liberal de costumes, colaborou —como ocorreu no período de Donald Trump nos EUA— para aguçar as hostilidades e fomentar o radicalismo.

Recorde-se que em anos recentes registraram-se tumultos e protestos em universidades contra a exibição do documentário "O Jardim das Aflições", sobre o ideólogo de direita Olavo de Carvalho (1947-2022). Agora, com a proximidade das eleições, os ânimos tendem a se mostrar mais exaltados.

Tradicionalmente mais propenso a perspectivas de esquerda, o meio estudantil tornou-se palco de disputas em que lamentavelmente se busca interditar a divergência. A intolerância de um lado alimenta naturalmente a do outro.

editoriais@grupofolha.com.br

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