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Visita de Pelosi a Taiwan colhe frutos duvidosos para os EUA, mas expõe também limites da China

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Manifestante rasga bandeira americana em protesto contra a presença de Nancy Pelosi em Taiwan. - Ann Wang - 2.ago.2022/Reuters

Em 1991, a então ascendente deputada americana Nancy Pelosi causou furor ao deixar uma comitiva que visitava Pequim para fazer um protesto pela democracia na praça da Paz Celestial, palco do massacre de estudantes dois anos antes.

Agora, após três décadas de críticas à ditadura comunista, completou o ciclo como a primeira presidente da Câmara dos Estados Unidos a ter visitado Taiwan, a ilha que a China considera sua, em 25 anos.

Aos 82 anos, ameaçada de perder a cadeira nas eleições legislativas de novembro, em que a maioria detida pelo Partido Democrata de Pelosi e do presidente Joe Biden estará em jogo, ela pode alegar coerência.

As consequências da ousadia ainda serão vistas. Diferentemente dos anos 1990, a China hoje é a segunda maior economia do mundo e tem no seu líder Xi Jinping um dínamo de assertividade política e militar.

Depois de admoestar os americanos para que evitassem a visita, ele anunciou resposta calculada.

Além de enviar caças para um teste das defesas da ilha, como fez outras vezes, despachou forças aeronavais para exercícios com munição de verdade —o que implicará o bloqueio do trânsito de navios e aviões em seis pontos ao redor do território que Xi promete absorver.

Com isso, a China demonstra uma capacidade que não tinha em 1995, quando reagiu de forma análoga, mas menos ambiciosa, a uma visita do então presidente taiwanês a Washington. Pequim trata tais mesuras como apoio inaceitável à independência taiwanesa.

Os três dias de manobras a partir desta quinta (4) manterão alta a tensão que contaminou os mercados mundiais, mas o risco maior é de acidente, não de uma guerra.

Nesse sentido, a provocação de Pelosi, que foi criticada por aliados dos EUA na região e bagunça a estratégia montada por Biden para uni-los, também tem o condão de expor alguns limites chineses.

Por mais que o entrevero lhe dê um reforço político às vésperas de sua recondução para um inédito terceiro mandato, Xi não pode ir muito além das ameaças.

A crise causada pelos lockdowns de sua política de Covid zero e a ameaça de quebra do mercado imobiliário chinês o obrigam a buscar acomodação com o Ocidente, apesar do clima envenenado pela guerra de sua aliada Rússia na Ucrânia.

Mas uma característica da práxis política chinesa é a paciência. A visita de Pelosi dificilmente será esquecida quando e se Xi superar seus obstáculos em casa.

editoriais@grupofolha.com.br

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