Lua crescente
Nasa volta ao satélite de olho em Marte e, do ponto de vista terrestre, na China
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Está marcada para este sábado (3) a decolagem rumo à Lua do foguete SLS, na missão Artemis 1 da Nasa (agência espacial americana). O voo não tripulado ocorre meio século após o último pouso de astronautas no satélite, com a Apollo 17.
No panteão grego de deuses, Ártemis é irmã gêmea de Apolo, ambos filhos do grande Zeus. O vínculo entre os dois programas dos EUA vai além da mitologia, contudo, relançando uma corrida espacial impulsionada por objetivos estratégicos bem terrestres.
Na edição anterior, a nêmesis era a União Soviética, cuja descendente Rússia ainda tem presença espacial e ora se enreda em guerra prolongada na Ucrânia, ponta de lança da Otan. No front sideral da nova Guerra Fria, a China tem a vez de se preparar para a longa marcha.
Marte figura como objetivo final das potências, com paradas estratégicas na Lua. A nação asiática já enviou três sondas robóticas ao satélite, sempre com sucesso, e planeja montar lá uma base.
Em 2009, a sonda americana LCROSS confirmou a existência de água em crateras no polo lunar. O recurso seria crucial para missões ao planeta vermelho, como fonte de oxigênio para tripulantes e hidrogênio para propulsão, mas pode não ser abundante.
Ainda na administração Barack Obama, o governo americano decidiu contrastar os planos lunares de chineses. O voo atual serve para estudar o equipamento que, em poucos anos, levaria até cinco astronautas por vez à Lua.
Decerto que tais missões servem igualmente a propósitos científicos e tecnológicos. As rochas ali coletadas contribuíram para entender melhor o Sistema Solar, por exemplo, e novas missões, com instrumentação 50 anos mais avançada, contribuirão para expandir o conhecimento humano.
Difícil acreditar, no entanto, que os EUA se aventurem a gastar US$ 100 bilhões com Artemis só para avançar a ciência, como faz parecer a propaganda da Nasa. O programa reanima o orçamento da própria agência e do complexo industrial a ela associado.
Em paralelo, a Nasa lustra o prestígio com as imagens deslumbrantes do telescópio James Webb, por um décimo daquele valor.
Nem por isso é o caso de pôr em dúvida a imensidão de dados que o instrumento soberbo fornecerá para a astronomia e a astrofísica na próxima década. Ver a ciência avançar com a disputa geopolítica na Terra sempre é melhor do que despender bilhões em desastres humanitários como na Ucrânia.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters