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Ilona Szabó, Raul Jungmann e Renato Sérgio de Lima

Uma aliança em nome dos desafios amazônicos

Bioma não suporta mais desastres da insegurança física, territorial e climática

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Ilona Szabó

Presidente do Instituto Igarapé

Raul Jungmann

Presidente do Centro Soberania e Clima

Renato Sérgio de Lima

Diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

A Amazônia é um ativo estratégico central para o Brasil. Mais do que uma frase de efeito, este é um reconhecimento da relevância da região para o presente e o futuro do país, com impacto direto sobre o planeta.

Como tal, a Amazônia precisa estar no centro da nossa agenda pública, embora tenhamos assistido, nos últimos anos, a um flagrante contraste entre a potência que a região significa para o desenvolvimento sustentável e a intensidade das ameaças sobre a floresta e seus defensores.

De um lado está a condição de maior floresta tropical do mundo e um dos grandes celeiros de biodiversidade, casa de povos originários e tradicionais, e abrigo de inestimáveis riquezas culturais. De outro, o avanço do desmatamento ilegal num contexto de emergência climática, o aumento da violência com a ascensão do crime organizado, as ocupações ilegais no território, a informalidade e as desigualdades socioeconômicas.

Diante desses desafios e necessidades, o Instituto Igarapé, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Centro Soberania e Clima se uniram na defesa dessa causa pública. O efeito direto dessa aliança é o lançamento dos seguintes documentos: o diagnóstico "Governança e Capacidades Institucionais da Amazônia" e a "Agenda Governar para não Entregar".

A agenda apresenta propostas sobre questões estruturais e de governança da região, ações concretas relacionadas à redução do ecossistema dos crimes e ilícitos ambientais, com foco imediato na interrupção do desmatamento, além de soluções para os crimes violentos, especialmente urbanos. Precisamos convergir fiscalização ambiental, segurança pública, justiça criminal e defesa em torno da floresta de pé e da proteção das pessoas.

A missão não é simples. É preciso fortalecer o Estado de Direito e o cumprimento da lei, levando em conta os crimes e ilícitos ambientais, os crimes violentos e transnacionais, assim como as dinâmicas que desafiam o controle territorial.

Por isso, as recomendações envolvem estratégias de inovação na governança, investimento em recursos humanos e logísticos, aprimoramento da rastreabilidade e controle das economias que impactam o desmatamento e aperfeiçoamento dos mecanismos de responsabilização pelos crimes ambientais, além de ações de prevenção da violência, produção transparente de dados, fortalecimento das forças policiais e melhoria da gestão do sistema prisional e socioeducativo de toda a Amazônia Legal.

Ao lado da agenda, o diagnóstico produzido oferece diversas evidências da baixa eficiência do Estado brasileiro, em especial nos territórios distantes dos grandes centros urbanos. O déficit de estrutura do aparato de segurança pública e justiça é significativo. Juntas, as forças de segurança da região dispõem de 148 embarcações da Polícia Militar e 34 da Polícia Civil, além de 4 aviões e 2 helicópteros. Para se ter uma ideia da capacidade de mobilidade, as polícias Civil e Militar do estado de São Paulo contam, somadas, com 686 embarcações, 4 aviões e 28 helicópteros para cobrir uma área muito menor.

Outro indício dessa fragilidade está nos próprios efetivos. No Brasil, existem em média 93 km2 por policial civil, mas nos estados da Amazônia essa área sobe para 428 km2. O mesmo ocorre em relação aos policiais militares. No conjunto dos seis estados da Amazônia, têm-se um total de 91 km2 por policial militar, quando no cenário nacional é muito inferior, de apenas 21 km2.

Há um longo caminho a percorrer, que inclui a aproximação entre diferentes órgãos de inteligência, de controle fiscal e financeiro e uma governança robusta de tomada de decisão, com revisão de normas e responsabilidades institucionais e federativas.

A esse compromisso estão convocadas desde já as candidaturas à Presidência da República e ao Executivo e Legislativo dos estados da região, que receberão esses documentos. A Amazônia não está fadada a conviver com os desastres da insegurança física, territorial e climática, mas a se reafirmar como aquilo que efetivamente é: o passaporte do Brasil para o futuro.

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