Siga a folha

Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Público e privado

Lei do conflito de interesses entre setores foi avanço, mas deve ser aprimorada

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Vista aérea da Esplanda dos Ministérios e do Congresso Nacional, em Brasília - Sérgio Lima/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Houve um tempo em que o Estado servia basicamente para manter exércitos com os quais se travariam guerras. As cargas tributárias eram, então, bastante reduzidas, e ninguém esperava uma prestação de serviços muito sofisticada por parte do poder público.

A partir da Primeira Guerra Mundial, porém, o Estado torna-se mais atuante e assume uma série de funções como regulador e executor. A carga de impostos explode, rondando os 50% do PIB nos países com programas sociais mais generosos, casos de Suécia e França.

A quantidade de servidores públicos e detentores de cargos comissionados cresce exponencialmente. Entretanto, como eles transitam mais ou menos livremente entre os setores público e privado, criam-se problemas de conflito de interesses antes inexistentes.

No Brasil, durante muito tempo, fingimos que a promiscuidade entre público e privado não existia. Foi só há dez anos que se aprovou a Lei do Conflito de Interesses, que regula a matéria de forma ainda imperfeita —mas só o fato de haver uma norma já representa avanço. Deve-se, agora, aprimorá-la.

A lei atribui à Controladoria Geral da União (CGU) e à Comissão de Ética Pública da Presidência as tarefas de fiscalizar e de responder a consultas de servidores em dúvida sobre o que podem ou não fazer.

Os mais graduados, que tiveram acesso a informações sensíveis, devem passar por um período de quarentena: continuam a receber salários por seis meses, antes de assumir um cargo na iniciativa privada em área correlata na qual atuavam.

O objetivo é impedir prejuízos ao erário e evitar que uma empresa tenha acesso a informações privilegiadas, deturpando a concorrência.

A dificuldade é calibrar as quarentenas, para que não se tornem nem um período de férias, que onera o contribuinte, nem punição desnecessária ao profissional.

Se um ex-ministro da Fazenda decide cuidar da fábrica de parafusos de sua família, que não participa de licitações, não há motivo para impedi-lo, por exemplo.

O sistema sofreu retrocessos sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Servidores, incluídos ex-ministros, foram dispensados de quarentena em situações com potencial para conflitos. A comissão que dirime dúvidas de servidores só faz sentido se houver ampla transparência em relação às consultas e também às discussões do colegiado.

Os dez anos de experiência com a lei oferecem um ponto de partida para regulamentar melhor o funcionamento da CGU e da comissão.

editoriais@grupofolha.com

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas