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Histórico de votação na Câmara mostra que Lula deve fazer concessões ideológicas

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursa durante a campanha eleitoral de 2022 - Gabriela Biló/Folhapress

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até pode insistir em se mostrar mais à esquerda hoje do que em seu primeiro mandato, mas, pelo bem de seu governo, é bom que tenha planos de deslocar sua pauta mais para o centro da régua ideológica.

Não só porque o petista, durante a campanha no ano passado, alardeou uma frente ampla para derrotar Jair Bolsonaro (PL). Há, além desse dever de honestidade eleitoral, uma outra razão, bem mais pragmática, para Lula começar a fazer concessões na arena política.

É que o Congresso Nacional, em sua atual composição, tem pouca afinidade com os interesses do PT. E não se trata apenas de constatar que a base governista alcança meros 223 deputados na Câmara, número insuficiente para a aprovação de PECs (proposta de emenda à Constituição), que demanda 308 votos, ou mesmo de projetos de lei complementar (257 votos).

Como mostrou reportagem da Folha ao analisar o histórico de votação na Câmara nas últimas duas décadas, a dissintonia ocorre mesmo entre os aliados. PSD, MDB, Avante, Solidariedade e Pros, contabilizados no arco lulista, têm votado em sentido contrário ao do PT desde pelo menos o final do governo Dilma Rousseff (PT).

Embora esse comportamento passado não defina o futuro, ele no mínimo indica que não existe nenhuma proximidade ideológica entre essas agremiações e o PT.

Dito de outra forma, elas até podem votar em bloco com o governo Lula —como, aliás, já ocorreu na década de 2000—, mas não o farão por compatibilidade de princípios.

Situação semelhante, se bem que ainda mais acentuada, vivem legendas autodeclaradas independentes em relação ao governo Lula: União Brasil, PP e Republicanos.

Somando 149 dos 188 deputados federais ditos independentes, essas três agremiações evitaram vestir o figurino oposicionista, mas seu histórico na Câmara sugere grande distanciamento do PT.

A União Brasil, por exemplo, que até angariou três ministérios sob Lula, surgiu da fusão do PSL com o DEM —isto é, um partido que cresceu na esteira do bolsonarismo e outro que sempre votou com o sinal trocado dos petistas.

Se Lula quiser governar sem sofrer revés atrás de revés no Legislativo, precisará oferecer a esses partidos algo que os faça votar em consonância com o Planalto.

Há duas opções conhecidas: distribuir cargos e verbas; conduzir negociação programática. Enquanto a primeira não passa de resposta fisiológica, tão instável quanto rasteira, a segunda implica buscar solução de compromisso em torno de acordos republicanos.

Não há como ter dúvida quanto ao melhor caminho a escolher.

editoriais@grupofolha.com

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