À beira da guerra civil
Sudão vive conflito sangrento que pode afetar a conturbada vizinhança africana
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Terceiro maior país da África, o Sudão se vê novamente imerso em um conflito militar, algo comum em sua história. Desta vez, os protagonistas são as forças leais ao governo ditatorial e uma milícia rival.
Ao completar duas semanas, o impasse entre os antigos aliados Fatah al-Burhan, homem forte do regime, e Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, que comanda as Forças de Apoio Rápido, já deixou quase 500 mortos.
Sem solução à vista, o confronto, até agora concentrado nas ruas da capital Cartum, ameaça degringolar para uma guerra civil.
Desenrolar ainda pior seria a crise atravessar as fronteiras e desestabilizar uma região estratégica e populosa, rica em petróleo e berço de grupos radicais islâmicos.
O Sudão sofre há décadas os efeitos da presença desproporcional das Forças Armadas na vida do país, que teve raros períodos de democracia desde que conquistou a independência, em 1956. Conflitos de fundo étnico, amplificados pelo aumento da desertificação causado pelo aquecimento global, trouxeram ainda mais turbulência.
Um arremedo de estabilidade só ocorreu durante o período do general Omar al-Bashir, que governou por 30 anos em aliança com grupos islâmicos. Em 2019, pressionado pela deterioração econômica e desmoralizado após a independência do Sudão do Sul, ele foi derrubado por um levante popular.
Mas sua queda não resultou em governo civil e eleições. Ao contrário, abriu as portas para que facções militares se apoderassem do Estado e lutassem pelo espólio.
Por seu tamanho e localização, na fronteira entre a África subsaariana e o mundo árabe, o Sudão é crucial para a estabilidade regional.
A depender da intensidade e da duração do embate, ondas de refugiados podem afetar países como a Etiópia, que viveu sua própria guerra civil até 2022, e o Egito, outra ditadura em perene crise econômica. Grupelhos armados de países vizinhos podem interferir no confronto, como já ocorreu em grandes guerras africanas.
O único modo de encerrar o conflito é a partir de intensa pressão de países ricos, interessados em seus investimentos no setor de petróleo, e de vizinhos do continente.
Uma solução duradoura, contudo, depende de calendário sólido de eleições e da transferência do poder a civis. Mas o Sudão, afetado pelas pragas da militarização, do tribalismo e do radicalismo islâmico, parece distante desse cenário.
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