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O que a Folha pensa guerra israel-hamas

Netanyahu sob pressão

Premiê tenta evitar julgamento político e criminal ao adiar cessar-fogo em Gaza

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Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel - Menahem Kahana/AFP

Duas características marcam a trajetória do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu: adiar decisões importantes e colocar sua sobrevivência política à frente de quaisquer outros interesses. É o que vem impedindo a aceitação por parte de Israel de um cessar-fogo na guerra em Gaza.

Netanyahu quer a todo custo evitar a antecipação de eleições. A maioria das pesquisas indica que sua coalizão seria derrotada, o que significa que ele teria de deixar o cargo de premiê e enfrentar processos criminais por corrupção.

Seus aliados de extrema direita exigem que, para manter a coalizão, Israel não aceite nada que possa ser interpretado como vitória do Hamas, inclusive um acordo que finde as operações militares.

De outro lado, as famílias dos reféns cobram que a libertação seja prioridade. E a chance realista de trazê-los de volta passa pela negociação de um cessar-fogo com o Hamas seguido da troca dos sequestrados por prisioneiros palestinos.

Na esfera internacional, Israel precisa lidar com pressões de países aliados, que querem evitar uma ação de maior envergadura em Rafah, o que certamente ampliaria a carnificina de civis palestinos.

Os EUA, maior aliado, tentam moderar o premiê —se não por humanitarismo, porque a continuidade da guerra pode prejudicar a reeleição do presidente Joe Biden.

Em tese, não é impossível encontrar uma fórmula que acomode esses interesses. Um cessar-fogo temporário, que não soe para os israelenses como capitulação diante do Hamas, sucedido pela libertação dos reféns, poderia ser alternativa palatável para Netanyahu.

No entanto sua preferência pessoal parece ser a de buscar algo que possa ser vendido como a destruição total do Hamas, por mais irreal que seja esse objetivo.

Outro problema é que, a menos que o premiê amplie a guerra para o Líbano e até o Irã, o que parece excessivo até para seus padrões, em algum momento os combates terão de acabar e o governo terá de responder politicamente pelos erros.

Quaisquer que sejam os cálculos de Netanyahu, está se aproximando o momento em que ele não poderá mais adiar decisões.

editoriais@grupofolha.com.br

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