Siga a folha

Descrição de chapéu
O que a Folha pensa genética

Labirinto genético

Pangenoma atualiza análise do DNA; remédios ainda precisam ficar mais acessíveis

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Pesquisadora prepara material para sequenciamento de DNA em laboratório em Lyon (França) - Jean-Philippe Ksiazek/AFP

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Em 2000, o Projeto Genoma Humano anunciou o primeiro sequenciamento da cadeia de DNA que constitui cada ser humano do planeta. Com ele, veio a esperança de cura para diversas doenças.

Contudo as expectativas continuam distantes para a grande maioria da população mundial, dados os desafios técnicos para a decodificação, os preços elevadíssimos e a abrangência étnica restrita.

Na verdade, o genoma nunca foi completamente sequenciado. Em 2003, houve uma análise atualizada, mas 8% dos 3,2 bilhões de pares de bases do DNA estavam faltando. Isso ocorre porque a corrente de genes não é uma trilha linear —sequenciá-la não é como traduzir um livro, mas como picotá-lo e aí tentar remontar suas palavras.

No entanto uma edição mais precisa, publicada na quarta-feira (10), preencheu parte dessa lacuna. Quase 120 milhões de letras de DNA vieram à luz.

Ademais, se o primeiro esboço era de apenas um indivíduo norte-americano, agora incorpora-se material genético de 47 homens e mulheres de várias etnias, como africanos, asiáticos e sul-americanos —daí o termo pangenoma para designar essa nova empreitada.

O Brasil, país miscigenado, pretende ajudar a aumentar esse raio de abrangência do escopo com o projeto Genomas Brasil, lançado em 2020 pelo Ministério da Saúde, e com um banco genético privado coordenado por Lygia da Veiga Pereira, pesquisadora da USP. Hoje, 80% desses dados são de populações brancas da Europa e dos EUA.

Ainda será necessário, porém, um portentoso investimento em avanço científico e tecnológico para que geneterapias —que operam ou adicionando um novo gene ao corpo ou reparando um que passou por mutação— sejam acessíveis. Até países ricos enfrentam dificuldades para bancar os remédios.

O Zolgensma, droga para atrofia muscular, por exemplo, custa US$ 1,7 milhão (R$ 8,7 milhões).
Não à toa, famílias brasileiras acionaram a Justiça para ter acesso à medicação e, até novembro, juízes obrigaram o SUS a pagar 102 tratamentos —o que ainda gera controvérsias, pois trata-se de verba pública que poderia ser direcionada para problemas básicos de saúde que atingem milhões de brasileiros.

A humanidade apenas começa a adentrar o labirinto genético, e as questões tendem a ser mais complexas à medida que se conheça toda a informação monumental contida em nossas células.

editoriais@grupofolha.com.br

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas