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Cartão amarelo

É interesse do público gigantesco que se investigue indício de fraude no futebol

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Partida do Campeonato Brasileiro no estádio Allianz Parque, em São Paulo (SP) - Eduardo Knapp - 12.jun.16/Folhapress

O futebol tem tamanha importância na cultura nacional que por vezes pode-se esquecer que a gestão do esporte pertence à esfera privada, não às atribuições do Estado.

Mas é de interesse de um público consumidor gigantesco —para nem mencionar o de milhares de jovens que ingressam na atividade em busca de ascensão social— que os recentes e graves indícios de fraudes em competições do país merecem apuração rigorosa das autoridades e atitudes responsáveis dos organizadores.

A Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, começou a partir de um episódio aparentemente menor e pontual, no final do ano passado, envolvendo o clube goiano Vila Nova, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro.

A partir da suspeita de que um atleta havia aceitado suborno para cometer pênalti durante uma partida, chegou-se ao que parece ser um esquema de manipulação de resultados e eventos de jogo (cartões amarelos e vermelhos, infrações e escanteios) com o objetivo de favorecer apostadores.

Depois de operações de busca e apreensão e descobertas de mensagens trocadas por meio de aplicativos, já há 36 pessoas e 13 partidas sob investigação, das quais 8 da Série A de 2022. Nove jogadores foram afastados por seus clubes, aí incluídas agremiações tradicionais e de grandes torcidas, como Santos, Fluminense e Cruzeiro.

Na quarta-feira (10), o Ministério da Justiça determinou que a Polícia Federal passe a apurar o caso. Nesta quinta (11), o Senado decidiu encarregar uma comissão de fazer o mesmo. Uma CPI deve ser aberta na Câmara dos Deputados.

Está em jogo a credibilidade de competições que atraem paixões, tempo e dinheiro de milhões de brasileiros. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) descarta, ao menos por ora, suspender os torneios —posição que será mais difícil de sustentar na hipótese de surgirem mais envolvidos no esquema, em especial árbitros.

O incentivo a fraudes é inerente ao esporte, mesmo nas modalidades amadoras, e ao mundo das apostas. A permanência do interesse do público, nos dois casos, depende de boa regulação, fiscalização e respostas contundentes às transgressões detectadas.

O futebol brasileiro, de enorme prestígio no mundo, é pródigo em mazelas de gestão doméstica. Que ao menos se assegurem embates justos e autênticos em campo.

editoriais@grupofolha.com.br

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