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Turismo e cultura são aliados

Repasse de parte da receita do Sesc e Senac à Embratur é amparo mútuo

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Marcelo Freixo

Presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo)

Eu tenho profundo respeito pelo trabalho do Sesc e Senac. Por isso, jamais apoiaria qualquer proposta que afetasse as ações das entidades. O debate em torno da proposta de destinar 5% da arrecadação das instituições à Embratur, que será votada pelo Senado, não é sobre a relevância dos serviços prestados. É sobre orçamento, transparência e utilização de recursos públicos.

Em 2019, o governo Jair Bolsonaro (PL) modificou o status jurídico da Embratur, que deixou de ser autarquia federal e passou a ser uma empresa de serviço social autônomo. Com a iniciativa, a Embratur foi retirada do Orçamento da União e ficou sem uma fonte permanente de financiamento. Isso significa que, a partir do ano que vem, o Brasil não terá dinheiro para investir na atração de turistas estrangeiros. A Embratur vai ter que parar.

O ex-deputado Marcelo Freixo, presidente da Embratur - Ricardo Borges/UOL/Folhapress - UOL/Folhapress

Para resolver o problema, solicitamos à Fundação Getulio Vargas (FGV) estudo de possíveis fontes de financiamento para a agência sobreviver. O resultado foi a sugestão de destinar 5% do que arrecadam Sesc e Senac para financiar ações de promoção do turismo internacional.

Segundo o portal da transparência do Sesc e Senac, as entidades arrecadam juntas R$ 9 bilhões ao ano. Em média, todos os anos sobram do orçamento R$ 2 bilhões. Os superávits acumulados fizeram com que as duas instituições tenham na conta R$ 15 bilhões. Sabe quanto será destinada ao turismo, de acordo com a proposta? R$ 447 milhões. É menos de 3% das sobras acumuladas no orçamento. Além disso, as entidades embolsam através de rendimentos com aluguel de imóveis e aplicações no mercado financeiro R$ 2 bilhões ao ano.

O que será destinado ao turismo é muito menor do que sobra todos os anos do orçamento. Não é verdade que unidades serão fechadas e ações do Sesc e Senac serão paralisadas. Esse debate precisa ser feito com a verdade, baseado nos números. Afinal, estamos tratando de dinheiro público, fruto de imposto compulsório recolhido pela Receita Federal.

Pessoas protestam na frente do Theatro Municipal, em São Paulo, contra repasse de parte da receita do Sistema S para a Embratur - Carlos Bozzo Junior/Folhapress - Carlos Bozzo Junior/Folhapress

A escolha das entidades para contribuir se deve ao fato de o setor de comércio e serviços ser o mais beneficiado pela vinda de visitantes estrangeiros. No primeiro trimestre deste ano, recebemos 2,3 milhões de visitantes de outros países. Eles gastaram em nosso país R$ 8,6 bilhões, gerando emprego e renda.
A promoção internacional do turismo é estratégica para o Brasil. Segundo a FGV, a cada R$ 1 investido em promoção, R$ 20 entram na economia do país. É dinheiro que favorece o comércio com o crescimento do consumo, a cultura com o aumento do público e o Sesc e o Senac, que vão arrecadar mais com a movimentação econômica.

O debate não é sobre o dinheiro que está chegando na cultura. É sobre o que não chega porque está aplicado no mercado imobiliário e financeiro. Não sou o primeiro a questionar o uso desses recursos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez o mesmo na criação da ApexBrasil, e o ministro Fernando Haddad (Fazenda), quando à frente da pasta da Educação, também, ao destinar parte do dinheiro para o ensino profissionalizante gratuito. Divergências não devem nos transformar em inimigos.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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