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Jorge Viana

Uma janela de oportunidades

Melhora da imagem do Brasil é fundamental para o setor agropecuário

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Jorge Viana

Engenheiro florestal, é presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos); ex-governador do Acre (1999-2006) e ex-vice-presidente do Senado Federal (2015-2018)

Desde janeiro de 2023, o Brasil passou a ser visto como uma nação com grande capacidade de diálogo. A volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder afastou a percepção de que o país é uma ameaça ambiental, antagonista da Amazônia e dos povos indígenas. Com inclusão social e responsabilidade climática, o Brasil retoma seu lugar no cenário internacional.

Ao longo dos últimos quatro anos, a omissão criminosa e conivente do Estado brasileiro resultou na destruição de florestas, com o desmonte irresponsável dos instrumentos de fiscalização ambiental, com recordes de desmatamento. Isso ficou para trás. Em abril deste ano, o desmatamento na Amazônia caiu 68% em relação ao ano anterior, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Fazenda no interior de Pernambuco usa bioinsumos na plantação de milho

É chegada a hora de trabalharmos pela reconstrução da imagem do Brasil no exterior. Na Europa, a visibilidade negativa gerada pela exploração predatória e nociva da floresta ainda tem potencial para gerar prejuízos ao setor agropecuário. Se antes isso parecia política de Estado, o jogo agora é outro.

É hora de o governo unir esforços, junto com setores empresarial e familiar da agricultura, além de representantes da sociedade civil, para melhorar a imagem no exterior. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) é o canal de diálogo para estabelecermos uma estratégia bem-sucedida nessa empreitada.

Precisamos definir uma narrativa sobre a importância do agronegócio brasileiro perante a comunidade internacional. Ou fazemos isso ou vai prevalecer a percepção equivocada de que o Brasil não tem compromisso com a agenda ambiental ou a mitigação das mudanças climáticas. Isso afetaria fortemente o setor.

Assinado em 2019, o tratado de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia depende da ratificação pelo Conselho da União Europeia e pelo Parlamento Europeu para entrar em vigor. Esses órgãos aprovaram em 2022 uma lei para restringir a importação de matérias-primas e derivados oriundos de áreas desmatadas. Fez isso diante do descalabro da gestão anterior. Mas precisa rever sua posição diante dos compromissos assumidos pelo governo Lula.

Isso é fundamental. Cerca de 30% dos US$ 50,8 bilhões exportados pelo agronegócio brasileiro ao bloco europeu poderiam ser afetados caso o Brasil fosse considerado um país com alto risco de desmatamento. Sabemos que o agronegócio tem exemplos de sustentabilidade, boas práticas e resultados na produção agropecuária de baixo carbono.

Uma pesquisa realizada no ano passado pela ApexBrasil aponta que 64% dos europeus têm uma imagem negativa sobre o nosso agronegócio. O índice chega a 81% no Parlamento Europeu. Precisamos mostrar que os trágicos episódios de destruição, incêndios e descaso com os povos da floresta são passado. Estamos comprometidos em construir um novo futuro.

O Ministério do Meio Ambiente aponta que 85% dos cadastros ambientais rurais da Amazônia não têm registro de desmatamento. Dos 15% em que houve, dois terços estavam concentrados em apenas 2% desses imóveis rurais. Não há desmatamento generalizado. Já demonstramos com Lula que é possível aumentar a produção reduzindo o desmate.

O mundo vive as inseguranças climática, energética e alimentar. E o Brasil reúne as melhores condições para enfrentar tais crises. Lula assumiu o compromisso de reverter o desmatamento ilegal na região amazônica e nos outros biomas. A maioria dos produtores rurais está cumprindo suas obrigações. Uma ação bem planejada por governo, empresas e ambientalistas assegura que o compromisso com a preservação das nossas florestas e o aumento da produção sustentável é para valer. Depende de nós.

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