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Ato político não deve intimidar investigação

Bolsonaro comprova popularidade na Paulista, o que não pode impedir apuração equilibrada de suposta tratativa golpista

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Manifestantes participam de ato em apoio a Jair Bolsonaro (PL), em São Paulo (SP) - Danilo Verpa - 25.fev.24/Folhapress

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São raros os líderes políticos capazes de mobilizar multidões, mesmo no auge de seu prestígio. Jair Bolsonaro (PL) o fez estando inelegível, por um ato infame de difamação do sistema eleitoral do país, e sob investigação por golpismo.

Chama a atenção, de fato, o comparecimento de milhares à manifestação de apoio ao ex-presidente realizada no domingo (25), na avenida Paulista, que resultou nas desejadas e inevitáveis imagens da aglomeração de camisas amarelas e bandeiras nacionais.

Bolsonaro conta com a adesão convicta de um quarto dos brasileiros, não muito distante dos 30% que, segundo o Datafolha, depositam sua plena confiança no petismo de Luiz Inácio Lula da Silva. Os índices de identificação com os dois polos ideológicos se mantêm quase inalterados desde as eleições de 2022 —o que é mais digno de nota no caso do perdedor.

Reforça-se a hipótese de resiliência da direita popular e populista que ascendeu no Brasil e no mundo, com franjas radicais tendendo não poucas vezes à truculência e ao autoritarismo. Em dezembro, apenas 8% dos eleitores de Bolsonaro, apeado do poder por margem mínima de votos, diziam-se arrependidos da escolha.

Tamanho ativo eleitoral explica a presença de autoridades relevantes no palanque da Paulista. Governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, embora distantes da pregação bolsonarista contra as instituições, são candidatos a herdeiros do apoio ao líder carismático.

Com a mostra de força política, o ex-mandatário pretendeu, mesmo com retórica estrategicamente contida, intimidar a operação judicial e policial que hoje investiga a extensão de suas ruminações golpistas no Planalto. Nesse intento, não pode nem deve ter sucesso.

Há indícios graves de que um grupo de auxiliares civis e militares tramou subverter a iminente derrota eleitoral do chefe em 2022. No ato público, Bolsonaro desqualificou as suspeitas em torno de uma minuta de decreto de estado de defesa. A existência de um documento do gênero foi revelada pela Folha em janeiro do ano passado.

Se supostas tratativas como essas avançaram a ponto de configurar uma tentativa criminosa de abolição do Estado de Direito, é caso a ser decidido a partir de apuração sóbria e rigorosa e o devido processo legal, que deveria ter a Procuradoria-Geral da República como parte acusadora, se houver elementos para tanto, e o Supremo Tribunal Federal como julgador imparcial.

As investigações precisam prosseguir —com equilíbrio, sim, mas sem nenhum temor.

editoriais@grupofolha.com.br

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