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Nelson Mussolini

As bulas impressas dos medicamentos devem ser substituídas por digitais? SIM

Mais precisas e atualizadas; QR Code nas embalagens pode gerar revolução na transmissão de informações

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Nelson Mussolini

Presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) e membro titular do Conselho Nacional de Saúde (CNS)

A adoção das bulas digitais nos medicamentos deve ser decidida em breve pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após a análise das contribuições à consulta pública 1.224/2023.

Esse debate está comprometido pelo clima de "torcida" instaurado na internet, em que leigos exprimem suas preferências, desconsiderando aspectos técnicos e racionais. Eis alguns fatos.

A indústria farmacêutica considera positiva a adoção da bula digital de medicamentos no país, tendo em vista as vantagens que oferece tanto para usuários, órgãos sanitários e setor farmacêutico em termos de qualidade da informação, rapidez de divulgação e simplificação de processos.

Ideia é reduzir a impressão de papel e tornar a bula dos medicamentos mais acessível - Freepik - Freepik

Hoje, o Brasil possui mais de dois dispositivos digitais por habitante (mais de 460 milhões de aparelhos nos ambientes corporativo e doméstico), sendo que a quantidade de dispositivos digitais portáteis (smartphones, notebooks e tablets) equivalia, no ano passado, a 1,7 aparelho por habitante —ou cerca de 370 milhões de dispositivos portáteis, dos quais 250 milhões eram celulares inteligentes, de acordo com estudo da FGV. A conectividade digital do brasileiro é uma realidade que já facilita a vida da população em esferas diversas —vide o rápido e extraordinário avanço do Pix, o meio de pagamento instantâneo do Banco Central.

A próxima grande frente de inclusão digital bem pode ser a dos medicamentos. A bula digital acessível por um QR Code impresso nas embalagens dos medicamentos pode gerar uma revolução na forma de transmissão das informações sobre o produto prescrito para o paciente.

A bula digital contribuirá para o aumento da adesão dos pacientes aos tratamentos ao permitir a atualização imediata e contínua das orientações apresentadas com o auxílio de inovadores recursos multimídia —didáticos, interativos e mais eficazes—, como áudios, vídeos, infográficos e a palavra de especialistas.

Há que se considerar também os ganhos de produtividade da escolha. Além de prover mais qualidade e rapidez de informação para os pacientes, a bula digital pode contribuir para a racionalização de processos no sistema de saúde público e privado, com redução de desperdícios e custos das empresas.

De fato, os medicamentos de uso hospitalar, como os oncológicos, não precisam de bulas impressas. Nos ambulatórios, quartos e UTIs, os produtos são ministrados por profissionais de saúde.

Numa situação semelhante, os produtos disponíveis nos postos de saúde são geralmente entregues em "blisters", sem a embalagem secundária na qual a bula impressa está inserida. Nesses casos, ela é inútil.
Amostras grátis também podem prescindir de bulas impressas, porque o médico dá diretamente o medicamento para seu paciente e o orienta sobre o uso correto.

A bula digital também contribui para a preservação do meio ambiente e o enfrentamento das mudanças climáticas na medida em que reduz o consumo de papel, tinta etc.

Na prática, a adoção da bula digital poderia ser gradual, nos casos em que a impressa não cumpre sua finalidade e a bula digital é mais eficaz, como os descritos aqui.

O grande magistrado desta questão tem que ser a Anvisa, e não o palanque desinformado e radicalizado da internet. Temos certeza de que a Anvisa, reconhecida como uma das melhores agências sanitárias do mundo, tomará a decisão mais acertada, considerando a conveniência, o acesso à informação e, principalmente, a segurança dos usuários de medicamentos.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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