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O que a Folha pensa Novo PAC

Eventos extremos exigem adaptação já

Para além da remediação, tragédia gaúcha impõe urgência ao preparo do território para consequências da mudança do clima

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Rua inundada no centro histórico de Porto Alegre (RS) - Anselmo Cunha - 5.mai.24/AFP

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A reação do poder público ao dilúvio entornado sobre a população gaúcha não pode limitar-se a salvamento e assistência, no curto prazo. Tampouco deveria focalizar só reconstrução, a médio termo. Ambas as vertentes são cruciais, mas insuficientes.

Não estão despreparadas só as cidades gaúchas. Na última década, 93% dos 5.570 municípios brasileiros foram assolados por desastres do clima, e 3.679 do total (66%) têm capacidade adaptativa baixa ou muito baixa a tais calamidades.

Passou da hora de implementar a adaptação do país a eventos extremos. Se não começar já a executar as medidas complexas que se exigem, a toda nova enchente o Brasil despenderá bilhões em providências frenéticas para enxugar lama.

A cada hecatombe natural se evidencia que o preço da inação supera o da precaução. O Planalto autorizou R$ 18 bilhões do Novo PAC para o Rio Grande do Sul castigado; antes da tragédia, reservava meros R$ 15,3 bilhões de mais de R$ 1 trilhão em investimento estatal e privado até 2027.

O Plano Clima em gestação deverá começar a suprir a lacuna climática, após a demolição da pauta ambiental sob Jair Bolsonaro (PL). As boas intenções abarcam envolvimento de 15 setores e pactuação com estados e municípios.

Parece evidente que tal processo será lento. Eventos extremos não vão esperar a costura política, como mostra o Rio Grande do Sul, flagelado por meia dezena de tempestades em menos de um ano.

O excesso de chuvas na região por efeito do aquecimento global estava mais que previsto por modelos científicos. Não faltam especialistas e estudos para orientar a ação precavida de governantes, porém a informação ou não chega aos tomadores de decisão ou eles não sabem o que fazer com ela.

Mais escolas precisarão de ar condicionado para ondas de calor; estradas necessitarão ser erguidas; sistemas de drenagem e encostas não resistirão à pluviosidade aumentada; culturas como a da soja perderão áreas aptas ao cultivo. Onde e quando, precisamente?

Não há como o Executivo federal centralizar tantas ações imprescindíveis de adaptação, que demandam iniciativa dos outros níveis de governo. Seu papel primordial é fazer chegar a eles a informação preditiva contida nos cenários climáticos e providenciar os incentivos para que atuem no sentido de diminuir os impactos.

Um bom começo seria condicionar a aprovação de qualquer obra com dinheiro público a uma avaliação de riscos climáticos e a um plano de adaptação correspondente. Foi o que começaram a fazer EUA e China, entre outros, uma década atrás. Nosso atraso já tem consequências funestas.

editoriais@grupofolha.com.br

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