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Saúde polarizada

Eleição no CFM escancara politização do órgão, que deve se pautar pela ciência

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Médico mede pressão de paciente - Freepik

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O Conselho Federal de Medicina (CFM) é uma autarquia que tem o papel de fiscalizar e normatizar a prática médica para proteger a saúde da população. Assim, é temerária sua politização verificada nos últimos anos e, agora, refletida na eleição dos novos conselheiros.

Na votação a ser realizada nos dias 6 e 7 de agosto, quatro chapas estão em disputa: "JUNTOS por uma categoria médica mais forte","Força Médica", "ConsCiência CFM" e "Experiência e Inovação".
Em campanhas nas redes sociais, a primeira tem divulgado peças com apoio de políticos do PL de Jair Bolsonaro, além de críticas a Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT.

A "Força Médica", que se descreve como "chapa de direita conservadora", divulga pedidos de votos do empresário Luciano Hang e do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga —bolsonaristas notórios.

Não se trata de questão menor. O CFM tem se baseado em ideologia para interferir em políticas públicas, numa atitude incompatível com a missão do órgão.

Durante a pandemia, transigiu com drogas ineficazes contra a Covid-19, como a hidroxicloroquina; em 2022, limitou a prescrição do canabidiol (CBD), um dos princípios ativos da maconha; ao se opor ao aborto legal por telemedicina em 2023, desconsiderou a ciência e as desigualdades do país.

Em janeiro deste ano, estimulou questionamentos sobre a vacina contra a Covid para crianças de 6 meses a 5 anos de idade. E, em junho, vedou a assistolia fetal após a 22ª semana de gestação —método preconizado pela OMS para a interrupção da gravidez tardia.

Tal decisão impulsionou na Câmara dos Deputados a tramitação do insensato projeto de lei 1.904/24, que permite a prisão de quem realiza aborto após a 22ª semana de gestação, incluindo mulheres estupradas, que pelo texto podem ter pena superior a de seus agressores.

Já que tem o poder de normatizar e fiscalizar a prática médica, investigar e punir profissionais, os conselheiros do CFM deveriam se pautar por evidências e diagnósticos de políticas públicas, não por uma polarização política rasteira que em nada contribui para a promoção da saúde dos brasileiros.

editoriais@grupofolha.com.br

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