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Provas deste ano ocorrem em meio a denúncias de interferência pelo governo
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O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) teve início no último domingo (21) em meio à polêmica em torno da tentativa do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de interferir no conteúdo das provas. A segunda etapa da avaliação ocorre no próximo dia 28.
A 13 dias do início da aplicação do exame, houve uma debandada de servidores ligados ao Inep (Instituto nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que pediram exonoração de seus cargos em protesto contra a atual gestão.
O Inep é o órgão do Ministério da Educação responsável pela organização da prova. Seu presidente, Danilo Dupas Ribeiro, é acusado pelos servidores de promover um desmonte no órgão e de assédio moral.
Bolsonaro disse que a prova ocorreria sem problemas, apesar das demissões, e disse que ela teria "a cara do governo".
Na sexta-feira (19), às vésperas do exame, servidores do Inep entregaram ao TCU (Tribunal de Contas da União) e à CGU (Controladoria-Geral da União) um dossiê que elencou pressões sofridas para a retirada de questões da prova "sem motivo idôneo". Eles teriam sido pressionados a suprimir perguntas com temas considerados inadequados pela gestão do órgão.
Como a Folha mostrou, o próprio Bolsonaro pediu ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, para que houvesse questões que tratassem o Golpe Militar de 1964 como uma revolução.
O primeiro dia de provas, que incluiu linguagens, redação e ciências humanas, teve assuntos que incomodam a base conservadora do presidente, como desigualdade de gênero, racismo, população carcerária e exploração de terras indígenas. O tema da redação foi a "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil".
Segundo Ribeiro, isso foi prova de que não houve interferência do governo no exame.
No próximo domingo (28), os candidatos fazem as provas de matemática e ciências da natureza.
A Folha quer ouvir você, leitor ou leitora que está prestando o Enem neste ano. O que achou do primeiro dia de provas e o que espera para o próximo domingo? O que pensa da crise do Inep?
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