Número de eleitores que foram às urnas cresceu nas cidades com biometria obrigatória
Pesquisa da Folha contesta tese de que o cadastro teria diminuído o eleitorado efetivo
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O número de eleitores que foram às urnas cresceu nas cidades em que a biometria era obrigatória para a eleição deste ano, aponta pesquisa realizada pela Folha. O resultado indica ser falsa a premissa de que o cadastro teria diminuído o eleitorado efetivo nos locais em que foi adotado.
Nos 2.029 municípios que passaram por cadastramento biométrico obrigatório entre 2014 e 2018, a taxa de comparecimento e o número absoluto de votantes foram maiores agora do que no pleito de 2014.
Neste ano, 84% dos eleitores aptos a votar dessas cidades compareceram às urnas —isso corresponde a 32,9 milhões de pessoas. Na eleição de 2014, o comparecimento foi de 79%, com 31,9 milhões de votantes.
Após a biometria, houve um aumento de cerca de 1 milhão de eleitores efetivos nessas cidades.
Nos municípios em que a biometria não era exigida para o voto (2.779 no total), houve um acréscimo de cerca de 500 mil eleitores efetivos (de 64,1 milhões para 64,6 milhões), mas a porcentagem de comparecimento foi menor, queda de 77,6 para 75,3.
Cidades que passaram pela biometria antes de 2014 não foram consideradas na análise.
A biometria consiste na coleta da assinatura, foto e digital do eleitor pela Justiça Eleitoral para facilitar a checagem nas eleições e evitar fraudes.
Números de eleitores que foram às urnas aumentou com biometria
2014 2018
Biometria entre 2014 e 2018 31,9 milhões 32,9 milhões
Sem Biometria 64,1 milhões 64,6 milhões
De acordo com o TSE, 5,6 milhões de eleitores faltaram à revisão eleitoral feita entre 2016 e 2018. Desse total, 3,4 milhões tiveram os títulos cancelados por motivos diversos e não votaram nas eleições deste ano. Mais da metade (54%) dos cancelamentos foi em estados das regiões Norte e Nordeste do país.
Somente em sete estados do Nordeste (BA, CE, MA, PB, PE, PI e RN) houve 1,5 milhão de cancelamentos.
Em setembro, o PSB ajuizou uma ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental) no STF, pedindo que eleitores cujos títulos foram cancelados pudessem votar. O PT ingressou na ação como amicus curiae (amigo da corte, em latim). Os partidos alegavam que o cancelamento dos títulos feria o direito ao voto e penalizava principalmente os eleitores pobres e as agremiações de esquerda, cuja base eleitoral é mais forte no Nordeste. O pedido foi negado pelo Supremo.
Os dados coletados pela Folha indicam que, se houve prejuízo às siglas, seu impacto foi reduzido.
Levando em conta apenas o Nordeste, o padrão nacional se repete. Nas cidades com biometria (859), o índice de comparecimento passou de 78% para 85%. Os eleitores efetivos aumentaram em 500 mil, chegando na eleição deste ano a 13,5 milhões.
Nas cidades nordestinas sem biometria, houve leve queda no comparecimento (de 76,07% para 75,40%) e menor crescimento, em relação aos municípios que tiveram o cadastro, no número real de votantes (cerca de 360 mil, passando para 8,83 milhões).
A perda de votos válidos do PT no Nordeste também foi similar nos dois grupos, em relação a 2014. Nas cidades com biometria, queda de 10,4%; nas sem biometria, 8,90.
Considerando o Brasil como um todo, o PT perdeu o mesmo percentual de voto (12%) nos dois grupos de cidades.
Pesquisadores já esperavam uma taxa de comparecimento mais elevada nas cidades com biometria obrigatória: afinal, quem se dispõe a fazer o recadastramento tem intenção de votar.
O número maior de votantes, porém, aponta um quadro diferente do antes imaginado.
Taxa de comparecimentos às urnas aumentou com biometria
2014 2018
Biometria entre 2014 e 2018 79% 84%
Sem Biometria 77,6% 75,3%
É provável que os títulos cancelados pertencessem a eleitores que não votariam neste ano: pessoas com mais de 70 anos (cujo voto é facultativo), mortos, cidadãos que mudaram de cidade mas não transferiram o título ou que moram em lugar distante de seu domicílio eleitoral. Nas cidades em que a biometria não era exigida, o número total de votantes era inflado por esses títulos, fator que que evidencia os benefícios do recadastramento.
Quanto mais idosos na cidade, por exemplo, menor tende a ser o comparecimento. Essa relação negativa é mais forte nas cidades sem biometria. Isso pode mostrar que a maior abstenção nas cidades sem biometria se deve a um contingente do eleitorado com mais de 70 anos, pessoas cujo voto não é obrigatório, que não têm intenção de votar ou já estão mortas.
Biometria no Nordeste
Eleitores efetivos também aumentaram nas cidades da região com biometria
2014 2018
Biometria entre 2014 e 2018 13 milhões 13,5 milhões
Sem Biometria 8,4 milhões 8,8 milhões
Com o fechamento do cadastro nacional de eleitores, só será possível fazer a biometria ou qualquer alteração no título a partir de 5 de novembro
Mais de 87,359 milhões de eleitores fizeram recadastramento no país. A meta do TSE é concluir o processo até 2022
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