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Oposição buscará discussão política em depoimento de Moro no Senado

Parlamentares avaliam cenários para não deixar ministro confortavelmente sob os holofotes

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Brasília

Enquanto aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Senado tentarão conduzir um debate no campo jurídico, a oposição quer promover uma discussão política nesta quarta-feira (19) para tirar o ministro Sergio Moro (Justiça) de sua zona de conforto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

O ex-juiz da Lava Jato irá prestar esclarecimentos na Casa sobre as trocas de mensagens entre ele e o procurador Deltan Dallagnol.

Para esfriar o clima para criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), Moro ofereceu-se para ir voluntariamente ao Senado, ambiente relativamente mais controlado para ser interpelado.

Embora senadores digam acreditar que o PT não estará à vontade na sessão porque qualquer manifestação mais enfática poderá soar como bandeira contrária ao combate à corrupção, o líder da sigla no Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirma pretender indagá-lo sobre razões de seu comportamento quando juiz federal.

“A discussão vai ser um pouco política: quais as consequências destas condutas que ele teve, o que trouxe para o Brasil?”, disse Costa.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Sergio Moro em evento no Planalto - Adriano Machado/Reuters

Do lado governista, a intenção é não deixar Moro cair em provocações que o levem para o debate político, o que pode tirar o ex-juiz de sua zona de segurança.

“Se ele ficar no campo técnico-jurídico, briga duas horas sem botar o pé no chão, porque ele é professor. Duvido que ele vai cair para o campo político e se agastar com um bate-boca com senador dentro do Senado, não é o perfil dele. Achar que vai nocauteá-lo para a opinião pública, não vejo a menor possibilidade disso”, disse o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP).

Nas conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil, o então juiz da Lava Jato troca colaborações com Deltan, coordenador da força-tarefa. Segundo o site, as mensagens foram enviadas à reportagem por fonte anônima e se referem ao período de 2015 a 2018.

Governistas, parlamentares que se declaram independentes e opositores concordam que a comissão pode se tornar um palanque para o ministro da Justiça. Como Moro ainda tem crédito de popularidade, alguns senadores indicam que dificilmente haverá uma arguição mais consistente.

Diante do receio de que Moro saia ileso e até fortalecido da reunião, integrantes da oposição dizem que vão reavaliar cenários. Parlamentares acham difícil fazer, por exemplo, com que o ministro não compareça, já que ele não foi convidado ou convocado pela comissão, mas se ofereceu para ir.

O que pode acontecer, dizem, é acelerar o ritmo da sessão para não deixá-lo confortavelmente sob os holofotes, caso esse clima favorável se confirme.


Líder da Minoria no Senado, Randolfe Rodrigues  (Rede-AP) pretende abordar contradições no discurso de Moro desde que os diálogos vieram a público.

“Ele tem que dizer algo além de ‘fui hackeado ilegalmente’. Ele primeiro confirmou a ocorrência daqueles diálogos. Se ele [agora] diz que são falsos, então, quais são os diálogos verdadeiros?”, indagou.

A oposição ainda espera a divulgação de novos diálogos para calibrar o tom que adotará na comissão.

Mais importante colegiado da Casa, a CCJ é composta por 54 senadores, 27 titulares e igual número de suplentes. No entanto, senadores que não são membros também podem fazer perguntas.

O clima para o início da sessão no colegiado, marcada para começar às 9h de quarta-feira, vai ficar mais evidente ao longo desta terça-feira (18), quando a maioria dos senadores retorna a Brasília e quando há uma reunião de líderes partidários com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Moro anunciou sua intenção de ir ao Senado na terça-feira (11) em uma carta assinada pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), dois dias após a revelação das primeiras conversas.

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