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Aécio não constrange, meu partido tinha Queiroz, diz Frota ao se filiar ao PSDB

Doria afirma que entrada de deputado expulso do PSL não visa fazer oposição ao governo Bolsonaro

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São Paulo

Ao formalizar sua filiação ao PSDB após ter sido expulso do PSL, o deputado federal Alexandre Frota (SP) afirmou nesta sexta-feira (16) que não fica constrangido em pertencer ao partido de Aécio Neves, acusado de corrupção.

"Não fico [constrangido], imagina, eu estava num partido que tinha o Queiroz", disse a jornalistas, referindo-se ao escândalo de movimentações suspeitas nas contas do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). 

Frota afirmou que a eventual expulsão do ex-governador de Minas é "um problema do PSDB e do Aécio".

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com Alexandre Frota, durante evento de filiação do deputado federal ao PSDB - Eduardo Anizelli/Folhapress

O evento de filiação teve a participação do governador paulista, João Doria (PSDB), que articulou a entrada de Frota no partido, e do presidente da sigla, Bruno Araújo (PE).

"Não estamos filiando Alexandre Frota para fazer oposição ao governo Bolsonaro, estamos filiando Frota para ajudar a defender o Brasil", disse Doria.

"Para ajudar esse novo Brasil, nós não precisamos estabelecer nenhum tipo de antagonismo com quem quer que seja, mas defender as boas causas", completou o tucano.

"No novo PSDB, tem espaço para quem toma decisões, tem espaço para quem tem coragem de falar", disse Doria, referindo-se à postura de Frota. 

Frota foi expulso do PSL, partido de Jair Bolsonaro, na terça (13), por ter feito críticas reiteradas ao presidente e a seu governo. Ele foi acusado de infidelidade partidária. 

Ao acolher o deputado, Doria dá mais um sinal de distanciamento do presidente da República.

Ambos devem se enfrentar em 2022, já que o tucano tem planos de concorrer à Presidência. Após ter colado em Bolsonaro para se eleger no segundo turno no ano passado, Doria tem feito contrapontos ao presidente e já disse não ter alinhamento político com ele. 

Por outro lado, Frota, que já criticou o PSDB no passado, disse ter mudado de ideia em relação ao partido. "É, mudei, estou aqui", respondeu. O parlamentar já chamou o PSDB de sujo e corrupto em vídeo gravado antes da campanha eleitoral de 2018.

Na gravação, Frota critica duramente o então pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB) por sua aliança com partidos do centrão. Diz que o tucano “está de quatro” e outras referências mais impublicáveis. Afirma que o PSDB e o PT são igualmente corruptos, é que a sigla tucana é “suja como a bunda do PT”.

Nesta sexta, Frota afirmou que não se arrepende de nada do que disse e que não deve desculpas. "O novo PSDB pra mim começa agora, então o passado é o passado, mas eu não tenho que pedir desculpa a ninguém, nem ao Alckmin."

Alckmin não esteve no evento de filiação, que teve a presença do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), de dirigentes locais e dois deputados federais. A militância tucana estava em menor número em comparação com atos semelhantes anteriores.

Alexandre Frota (de pé) discursa no evento em que se filiou ao PSDB; sentados, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, o governador João Doria e o presidente do Instituto Teotônio Vilela em São Paulo, Flávio Amary - Eduardo Anizelli/Folhapress

A chegada de Frota encontra resistência entre alguns tucanos, que estudam entrar com uma representação contra a filiação. A possibilidade de isso prosperar, porém, é baixa porque a presidência nacional do partido, nas mãos de Araújo, é alinhada a Doria

A filiação do deputado também foi recebida com ressalvas na bancada feminina do PSDB. Em 2015, em entrevista na televisão, ele narrou um suposto estupro que cometeu. O caso lhe rendeu uma acusação de apologia ao estupro, que terminou arquivada.

Em sua fala ao lado dos tucanos, Frota afirmou que "não teve dúvida em aceitar o convite de Doria", a quem chamou de amigo. "Eu venho para somar, não para disputar lugar, para dividir, chego para trabalhar de verdade", disse.

"Sou soldado, sou guerreiro, vou pra cima. Se o João [Doria] soltar a rédea, eu vou pra cima. Quem vai segurar é ele", completou. O deputado disse esperar ter liberdade e independência no PSDB. 

Doria também rasgou elogios a Frota, dizendo que sua relação com ele é anterior à entrada de ambos na política. O governador paulista lembrou que o deputado apoiou sua eleição em 2018, contrariando orientação da direção estadual do PSL na época. 

"Este rapaz aqui, no PSL, disputando seu mandato, ao lado da Joice Hasselmann [PSL-SP], foram os dois que tiveram a coragem de nos apoiar durante a difícil campanha para o governo do estado de São Paulo. Frota e Joice fizeram isso corajosamente, dando demonstração de independência, de autonomia e de discernimento. E pra isso não precisaram ofender a ninguém", disse. 

Próxima de Doria, Joice planeja concorrer à Prefeitura de São Paulo no ano que vem, e era a candidata apoiada por Frota. Nessa sexta, questionado pela imprensa, Frota disse que, estando no PSDB, irá apoiar a reeleição de Covas.

Durante o evento, a atuação de Frota pela reforma da Previdência foi elogiada pelos tucanos. O próprio deputado disse que chegou ao Congresso desacreditado.

Araújo afirmou que tinha dúvida sobre "a eficiência de Alexandre Frota na vida pública" e se surpreendeu. "Foi um deputado sereno, maduro, corajoso e que se aliou com as posições que o PSDB defende", disse.

Já Covas afirmou que Frota será o único deputado federal tucano da capital —nenhum foi eleito em 2018. Com ele, a bancada na Câmara é de 31 deputados.

Ainda no evento, Frota agradeceu os convites de outros partidos —DEM, PRB, Podemos, PL, MDB e PP.

O deputado estava acompanhado da mulher, do filho e da filha, de apenas seis meses. 

Em entrevista à Folha publicada nesta sexta, o deputado afirmou que Bolsonaro é um "idiota ingrato que nada sabe", que a cadeira de presidente ficou grande para ele e que o atual governante do país "se lambuzou com o mel da Presidência". Frota disse ainda que Bolsonaro foi quem pediu sua expulsão do PSL.

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