Siga a folha

Descrição de chapéu Legislativo Paulista

Grupo mais alinhado a Bolsonaro perde liderança do PSL na Assembleia de SP

Novo líder será Rodrigo Gambale, que venceu por 1 voto de diferença e é considerado mais próximo de Doria e de Bozzella

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Por um voto de diferença, a ala dos deputados estaduais do PSL considerada mais ligada ao presidente Jair Bolsonaro perdeu a liderança da bancada na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Nesta terça (11), por 8 votos a 7, incluindo o voto de Janaina Paschoal, Rodrigo Gambale foi eleito novo líder. Castello Branco, visto como mais bolsonarista entre os dois, até por ter carreira militar, foi o derrotado.

Gambale vai substituir Gil Diniz, que é o atual líder e é ligado à família Bolsonaro. Ele costuma defender o presidente na tribuna e fazer oposição ao governador João Doria (PSDB), postura que deve mudar com Gambale.

Reunião da bancada do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo - Reprodução/Facebook Rodrigo Gambale

O novo líder diz que não fará "oposição por oposição" ao tucano. Enquanto Gil tem perfil ideológico, Gambale tem fama de ponderado.

Em menor grau, a disputa na bancada sintetizou a divisão vista hoje no PSL, com parte dos parlamentares prontos para migrar para a Aliança pelo Brasil, novo partido de Bolsonaro

A diferença entre o racha visto em nível federal e a bancada da Assembleia paulista é que não há brigas e inimizades escancaradas. Pelo contrário, os deputados consultados pela reportagem dizem que a bancada terminou a votação unida.

Gil e a parte considerada mais ideológica e ligada ao bolsonarismo, que irá migrar para a Aliança, votou em Castello Branco. Deputados que ainda avaliam se permanecem no PSL apoiaram Gambale —mas não necessariamente são oposição a Bolsonaro.

O novo líder diz que apoia o governo federal. "Ninguém critica o Bolsonaro na nossa bancada. Eu concordo com a maneira como o Brasil está avançando. Não vejo essa divisão de alas na bancada", disse Gambale à Folha.

Questionado, porém, sobre preferência em relação ao PSL ou à Aliança, Gambale afirmou que "a política é dinâmica". "Eu fui eleito pelo PSL, estou no PSL e trabalho pelo PSL", disse.

Ao contrário de Gil, que tinha rusgas com a atual presidência do PSL em São Paulo, Gambale deve ter diálogo com o deputado federal Júnior Bozzella, aliado de Luciano Bivar. "Sou de conversa, de conciliação", diz Gambale.

A candidata de Bozzella, no entanto, era Janaina Paschoal. Até o último momento, o deputado esperava que ela fosse aclamada pela bancada mesmo sem ter se colocado na disputa.

Como mostrou a Folha, embora a deputada esteja em uma fase de articulação política e de aproximação com Bozzella, ela não se dispôs a assumir essa função de liderança partidária.

Para o governo Doria, também será um ganho, uma vez que Gambale é, entre os deputados do PSL, dos que mais votam a favor do tucano, enquanto Gil é dos que mais o criticam. 

"Eu quero que o estado e o Brasil deem certo. Não vou ser cego e alienado, mas também não vou fazer oposição por oposição", afirmou o novo líder.

Gil e outros deputados, como Major Mecca e Douglas Garcia, no entanto, devem manter a postura crítica ao governador. 

Douglas, que votou em Castello Branco e é dos mais alinhados a Bolsonaro, concorda que a bancada estadual não está rachada e faz elogios a Gambale.

Segundo Douglas, quem votou em Gambale também apoia Bolsonaro. O deputado diz que, quando a Aliança sair do papel, metade da bancada deve abandonar o PSL, mas que os deputados não querem adiantar essa divisão. 

"A Aliança nem está pronta então não faz sentido a gente se dividir entre Aliança e PSL. A gente é única e exclusivamente, hoje aqui, PSL", afirma. 

Douglas é militante e faz parte do grupo Movimento Conservador, que recolhe assinaturas para a criação da Aliança.

O deputado também relativiza o alinhamento de Gambale a Doria, lembrando que boa parte da bancada, mesmo os bolsonaristas, vota a favor do tucano em pautas de economia, como privatizações.

Janaina Paschoal também exaltou a união da bancada pelo Twitter e afirmou que "o resto é intriga". 

A Folha apurou, porém, que a ala ligada a Gil esperava vencer e ficou frustrada com a derrota, embora não tenha externado o descontentamento.

Assim como Gil, Gambale deve manter a prática de liberar a bancada para cada um votar como bem entender, sem indicar voto sim ou não em cada tema. Isso faz com que a votação seja, em geral, bastante diversa entre os deputados.

O processo de escolha do novo líder do PSL começou na semana passada e quatro deputados chegaram a se apresentar para a disputa. O clima na bancada, porém, era de tentar manter a paz entre os adeptos do PSL e os simpáticos à Aliança.

Os nomes que disputaram, incluindo os deputados Coronel Nishikawa e Adalberto Freitas, são considerados conciliadores, que conseguiriam transitar entre os dois grupos.

Investigado após um ex-assessor denunciar a prática de "rachadinha" em seu gabinete, Gil já deixaria a liderança em 2020, após um ano no cargo, conforme acordo da bancada.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas