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Ação da PF aumenta pressão de filhos de Bolsonaro para manter Weintraub

Ala ideológica diz que presidente não deve ceder ao STF enquanto sofrer o que chamam de cerco

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São Paulo

A operação da Polícia Federal contra alvos ligados ao bolsonarismo fez aumentar a pressão dos filhos do presidente Jair Bolsonaro em favor da manutenção de Abraham Weintraub na pasta da Educação.

Weintraub é um expoente da dita ala ideológica do governo, que professa no discurso a ideia de uma revolução política de destruição da política tradicional.

Ele e o chanceler Ernesto Araújo são os principais ministros associados ao grupo, que é liderado pelos filhos do presidente, especialmente o vereador carioca Carlos (Republicanos) e o deputado federal paulista Eduardo (PSL), e emula ideias do escritor Olavo de Carvalho, hoje crítico do governo.

Apoiadores do presidente Bolsonaro liderados por Renan Sena fazem ato de apoio ao ministro da Educação Abraham Weintraub em frente ao MEC - Pedro Ladeira/Folhapress

O ministro da Educação ficou por um fio no cargo após virar alvo do STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito tocado pela corte que apura a disseminação de fake news. Na reunião ministerial de 22 de abril, Weintraub havia dito que os ministros do tribunal eram "vagabundos" que deveriam ir para a cadeia.

O episódio só fez crescer o embate entre Bolsonaro e o Judiciário. No domingo (14), Weintraub participou de um ato pedindo o fechamento do Supremo e do Congresso, na manhã seguinte ao ataque com fogos de artifício ao prédio da corte por militantes bolsonaristas.

O ministro Dias Toffoli, presidente do STF, fez chegar ao Planalto extrema contrariedade e a ideia de que o diálogo se tornaria impossível entre os Poderes.

A cabeça do ministro, que já havia sido prometida havia duas semanas como forma de apaziguar as relações pelo Planalto, voltou a ser colocada na guilhotina. Bolsonaro e Weintraub conversaram na tarde de segunda (15), e o presidente disse à noite que estava tentando resolver o "problema" —um discurso ambíguo que convence a poucos.

O ponto é que Weintraub virou um talismã dos radicais bolsonaristas, apesar dos inúmeros problemas de sua gestão à frente do MEC e do fato de que teve de ceder ao centrão uma série de cargos com enormes verbas na pasta no processo de "seguro contra impeachment" que Bolsonaro está operando.

Com isso, a operação contra pessoas como o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos nesta manhã de terça (16) inflou o discurso da ala ideológica de não ceder simbolicamente ao Supremo —ainda que ela tenha sido pedida pela Procuradoria-Geral da República.

O papel da PGR era alvo de especulação entre governistas, dada a proximidade do governo de seu chefe, Augusto Aras. Para bolsonaristas, importava mais o fato de que a ação havia sido autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, um dos alvos preferenciais do bolsonarismo.

Eduardo repostou, no Twitter, mensagem de apoio a Weintraub feita pelo deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), um dos alvos da PF hoje.

Integrantes da ala militar do governo e outros ministros aconselharam Bolsonaro a se livrar de Weintraub para arrefecer a beligerância na praça dos Três Poderes. Ouviram ponderações favoráveis a isso na segunda, mas nesta terça o clima mudou.

Pesa em favor do ministro da Educação o apreço pessoal de Bolsonaro por ele. Na noite passada, a discussão era onde acomodá-lo sem parecer que seria uma afronta ao Supremo —até embaixadas foram cogitadas.

O caso seguia inconcluso até a noite desta terça, mas a balança por ora foi reequilibrada em favor do ministro pelo que os ideológicos chamam de cerco judicial ao Planalto, um raciocínio que encontra eco entre os ministros oriundos das Forças Armadas e em alguns setores da ativa.

Por outro lado, o sentimento majoritário no serviço ativo é o de que Bolsonaro esticou demais a corda.

Incomodou-os especialmente a nota divulgada na sexta (12), na qual o presidente, o vice Hamilton Mourão e o ministro Fernando Azevedo (Defesa) falaram em nome das Forças Armadas de forma ameaçadora.

Disseram que elas não aceitariam ordens absurdas (do Supremo, no caso, pois a nota foi posterior a decisão de Luiz Fux dizendo que os militares não são poder moderador) e julgamentos políticos (aludindo à ação de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão na Justiça Eleitoral), algo fora do regramento constitucional.

O Supremo, por sua vez, abriu um canal institucional com a ativa, na figura de uma visita de cortesia do ministro Gilmar Mendes ao comandante do Exército, Edson Pujol, que está distante do Planalto.

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