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Formato engessado garante debate morno entre candidatos em SP

Líder Russomanno se mostra atordoado e apela ao patrocínio de Bolsonaro à sua candidatura

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São Paulo

Instado a comentar o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden, que desandou numa baixaria poucas vezes vista na política de países democráticos, o decano da geopolítica americana George Friedman disse que não estava nem aí.

Para ele, debates eram inúteis para definir a qualidade do candidato. Na sua avaliação, postulantes inteligentes seriam quase que naturalmente descartados ante os espertos. Uma pena, diz.

Candidatos à Prefeitura de SP participam de debate na Bandeirantes - Levi Bianco/Brazil Photo Press/Folhapress

Nesse sentido, o formato amplo e engessado legalmente do primeiro debate das eleições muncipais da maior cidade do país, São Paulo, seria um grande desafio para Friedman.

Onze candidatos? Impossível haver alguma discussão concreta de fato, apenas reforçando o argumento daqueles que veem o sequestro definitivo de debates eleitorais pela lógica da "lacração" das redes sociais.

Os candidatos tentaram o que era esperados deles. E, justiça seja feita, foi tão anódino quanto as regras permitiam. Morno.

O desempenho mais aguardado, o de Celso Russomanno (Republicanos), líder nas pesquisas, deixou a desejar para quem esperava alguma novidade ante o candidato derrotado em 2012 e 2016.

O óbvio foi colocado: "Minha amizade com o presidente Jair Bolsonaro", disse, acerca de seu patrono eleitoral, que o colocou na disputa na última hora.

Em todas as respostas, quase, adicionado às suas antigas bandeiras de defesa do consumidor, que já foram ineficazes nas suas postulações anteriores. E o candidato parecia algo atordoado cada vez que falava em "gente".

Já o governador João Doria (PSDB-SP), apoiador nominal do prefeito Bruno Covas (PSDB-SP) e adversário de Bolsonaro, foi bem poupado no discurso dos candidatos. Uma referência aqui e ali, e só. Melhor para o tucano, dado seu mau desempenho segundo o Datafolha na capital.

O alvo preferencial de todos, o prefeito Covas, ficou na defensiva, respondendo sem grandes problemas as críticas previsíveis que sofreu, do ponto de vista imagético.

Covas evocou os motes da campanha de 2016, batendo nos "cargos para a companheirada", um "carguinho para a [ex-presidente] Dilma Rousseff (PT)". A impressão era de que o prefeito retomava a campanha na qual foi eleito como vice de Doria.

Como seria óbvio, Russomanno e Covas foram alvejados nas dobradinhas provocadas pelas regras de perguntas dos debates. A deputada Joice Hasselmann (PSL) tentou encaixar umas frases de efeito, mas a eficácia das tentativas pareceu limitada.

Jilmar Tatto, o postulante do PT, de longe refletiu as dificuldades de sua candidatura. Poucos o procuraram para ser ouvido. Esteve apagado, e só falou do apoio de Luiz Inácio Lula da Silva nas considerações finais.

Guilherme Boulos (PSOL), o petista "de facto" desta eleição até aqui, foi usado como escada por outros concorrentes. No palanque, Orlando Silva (PCdoB) acabou como linha auxiliar da linha auxiliar da esquerda contra o establishment Covas-Russomanno.

Alguns, como Arthur do Val (Patriota), fizeram um papel utilitarista no debate, sendo eficazes na montagem de críticas de Márcio França (PSB).

O ex-governador, derrotado por Doria na disputa pelo governo de São Paulo em 2018, usou parte do seu tempo para espetar o tucano. Propostas de fato, nada. Marina Helou (Rede), com sua má dicção e frases feitas, acabou sendo usada pelos adversários.

Pouco conhecido apesar de sua longa história na cidade, Andrea Matarazzo (PSD) buscou apresentar-se e foi confrontado por uma resposta pronta de Covas ("O senhor é amargurado", por ter sido preterido no PSDB por Doria em 2016).

Assim, fica bastante difícil que algum dos candidatos tenha ganho ou perdido algum voto no debate. E, se não houve o alarido visto nos EUA nesta semana, talvez não tenha aparecido uma grande alternativa do ponto de vista de vendagem de plataformas.

Em favor de todos os presentes, o nível foi relativamente alto, do ponto de vista de civilidade. Mas ninguém pode cantar vitória evidente, o que diz muito sobre as expectativas possíveis nesses dias.

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