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Este assunto não deve ser politizado, diz Lira sobre acusações de agressão feitas por ex-mulher

Candidato a presidir Câmara afirma que foi inocentado em processo e que a preserva por respeito a filhos

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Brasília

Candidato à presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) disse nesta segunda-feira (18) que "não há contemporaneidade nem verdade" nas acusações feitas à Folha por sua ex-mulher Jullyene Lins.

O líder do centrão, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na disputa pela sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda avaliou que o assunto "não deve ser politizado".

Em entrevista publicada na semana passada, Jullyene afirmou que Lira a agrediu fisicamente e depois a ameaçou para que mudasse um depoimento sobre acusações que ela havia feito contra ele.

Lira afirma que foi inocentado na Justiça das acusações da ex-mulher.

"Você, a Folha e o Brasil sabem que aquele assunto foi julgado e arquivado por improcedência e [eu fui] inocentado por unanimidade. Esse assunto é requentado a cada eleição e não é um assunto que eu fique à vontade porque este assunto não deve ser politizado por uma pessoa exposta, como é qualquer político num momento desse", afirmou após ser questionado pela Folha em entrevista coletiva.

"Todo jogo baixo, todo jogo vil, nesse momento eleitoral, é rechaçado por homens e mulheres", afirmou. "Notícias requentadas nesse momento, no jogo baixo, não é para se tratar aqui. Tudo isso já foi resolvido há anos​."

Em 2006, a ex-mulher de Lira apresentou queixa por lesão corporal contra o então deputado estadual à Polícia Civil.

Ela afirmou no depoimento que, após ficar sabendo que ela estava se relacionando com outro homem, depois da separação, Lira foi até sua residência e a agrediu com tapas, chutes, pancadas e "arrastada pelos cabelos, tendo sido muito chutada no chão".

Jullyene anexou fotos das lesões ao processo e o caso foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal). Depois, porém, Julyenne mudou a versão da história, assim como todas as testemunhas, e disse que fez a denúncia "por vingança". Em 2015, Lira foi inocentado do caso.

À Folha Julyenne disse que o deputado a pressionou e a ameaçou para que ela mudasse o depoimento que fez à Justiça.

"Me agrediu, me desferiu murro, soco, pontapé, me esganou", disse.​ "Ele me disse que onde não há corpo, não há crime, que 'eu posso fazer qualquer coisa com você'."

Jullyene Lins, ex-mulher do deputado Arthur Lira (PP-AL), o novo presidente da Câmara - Folhapress

Nesta segunda, Lira negou as acusações, mas evitou comentar detalhes.

"Não tem absolutamente contemporaneidade nem verdade nesses fatos. E, como mãe dos meus filhos, quero até preservá-la em respeito a eles", afirmou o deputado.

Jullyene foi casada por dez anos e tem dois filhos com Lira. ​Em outubro passado, Julyenne solicitou à Justiça de Alagoas medidas protetivas contra o deputado.

Conforme mostrou a Folha, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu enviar à Vara de Violência Doméstica do Distrito Federal acusações feitas por ela sobre Lira em uma ação de injúria e difamação de 2020.

Ela anexou no processo o laudo da análise feita pelo IML (Instituto Médico-Legal) que constavam da denúncia de lesão corporal.

Lira recorre da decisão de Barroso, baseada em pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para que o caso fosse enviado a um juizado de Violência Doméstica.

Em 2007, Julyenne fez outra denúncia contra Lira, desta vez por ameaça.

Segundo a acusação, a ex-mulher afirmou que Lira disse à babá que "os seus dias estavam contados" e que iria buscar o filho menor, mesmo sem sua permissão. A babá confirmou a denúncia, e Lira foi indiciado no Tribunal de Justiça de Alagoas.

O desembargador Orlando Monteiro Cavalcanti aceitou a denúncia, em dezembro de 2007, e proibiu Lira de manter contato pessoal, telefônico, por escrito, ou qualquer outro meio com a vítima, seus familiares, ou testemunhas do caso.

Lira teria se recusado a aceitar a ordem dizendo ao oficial de Justiça "eu recebo já essa merda". Depois disso, o desembargador o enquadrou no crime de coação no curso do processo e mandou prender Lira.

O caso também foi parar no STF, mas prescreveu, e o deputado não recebeu punição.

Em nota assinada por seu advogado, Lira afirma que o conteúdo das declarações de sua ex-mulher é "requentado" e que ele foi absolvido das acusações dela pelo STF.

"O resultado deste processo é de conhecimento público, inclusive, por parte deste veículo de comunicação, de forma que, a repetição e veiculação da falsa acusação, atrai a responsabilidade penal e cível não só de quem a pratica, mas também de quem a reproduz, ante a inequívoca ciência da sua falsidade", disse a nota assinada pelo advogado Fábio Ferrario.

Ela também acusou Lira de ocultação de bens segundo ela, o deputado tem um patrimônio de R$ 11 milhões. A denúncia foi enviada ao Ministério Público de Alagoas, que investiga o caso.

Além disso, Lira, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro na eleição para a presidência da Câmara em fevereiro, responde a dois processos no STF.

Um deles é sob acusação de corrupção passiva, em denúncia oferecida em abril de 2018 pela PGR.

Lira, segundo o órgão, teria recebido propina de R$ 106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos), Francisco Colombo, em 2012. Em troca, teria prometido apoio político para se manter no cargo.

O valor foi apreendido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com um assessor parlamentar de Lira, que tentava embarcar para Brasília com o valor escondido nas roupas. Em novembro, a 1ª Turma do STF rejeitou um recurso do parlamentar e decidiu mantê-lo como réu.

O deputado também responde ao inquérito chamado “quadrilhão do PP”, por suposta participação em esquema de desvios da Petrobras. De acordo com a acusação, desdobramento da Lava Jato, integrantes da cúpula do PP integrariam uma organização criminosa, com ascendência sobre a diretoria da Petrobras, e que desviava verbas em contratos da estatal.

A denúncia foi aceita pela 2ª Turma do Supremo, em junho de 2019, mas a ação penal ainda não começou a tramitar.​

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