Siga a folha

Kim pede desculpas após fala sobre nazismo, e partido de Moro tenta se distanciar dele

Deputado federal do DEM de São Paulo tem sido criticado por sua participação no Flow Podcast

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) se desculpou, nesta quarta-feira (9), por sua fala durante participação no Flow Podcast, na última segunda-feira.

"Eu errei. Eu disse algo que ofende a comunidade judaica. Que faz com que ela se sinta ameaçada", disse em uma live, ao lado do deputado estadual Heni Ozi Cukier (Novo-SP).

O deputado Kim Kataguiri - Sergio Lima-14.jul.21/AFP

No podcast, o apresentador Monark defendeu o direito de existência de um partido nazista —ele acabou desligado do canal. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) rebateu e questinou se Kim achava errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo. O deputado respondeu que sim.

"Eu explico o que eu estava querendo dizer no Flow. Todo desenvolvimento da minha ideia foi no sentido de 'qual a melhor maneira de combater o nazismo?' Não tinha nenhum defensor de nazismo lá", disse.

"Eu sempre fiz questão de deixar muito claro que é uma ideologia abjeta, que jamais deveria acontecer e que o objetivo era justamente como acabar com essa ideia de uma vez por todas."

Segundo ele, tudo o que foi dito teve a intenção de avaliar como suprimir o nazismo.

​O parlamentar afirmou que foi infeliz e que, ao dar sua resposta, estava na verdade pensando nas obras históricas nazistas, principalmente o "Mein Kampf", livro escrito pelo ditador Adolf Hitler.

"Sim, nesse aspecto as pessoas devem conhecer, devem ler. Não para reproduzir, não para ser nazista. Mas para ver o quanto aquilo era cruel", argumentou.

Kim afirmou que a melhor forma de combater é expor o que há de ruim no nazismo, mas diz não ser a favor da existência de partidos, imprensa ou outras instituições que façam apologia ao tema.

A declaração ocorre após a repercussão negativa da entrevista. Diante disso, o futuro partido de Kim, o Podemos, tenta discretamente se distanciar do parlamentar.

Recentemente, Kim Kataguiri participou do evento de filiação ao Podemos de membros do MBL —movimento do qual faz parte.

Ele aguarda a janela partidária para se transferir do DEM. O prazo ocorre entre 3 de março e 1º de abril, quando parlamentares poderão trocar de partido para concorrer ao pleito deste ano sem perder o mandato.

Nos bastidores, o Podemos teme que as críticas ao parlamentar sejam associadas à legenda, por isso pretende se manter longe dele, no momento.

O ex-juiz Sergio Moro, presidenciável pelo Podemos, e que deu entrevista recentemente ao canal do Flow, criticou o conteúdo do programa.

Sem citar o nome dos apresentadores ou de Kim, o ex-ministro de Bolsonaro afirmou que "o nazismo é abominável e inaceitável em qualquer circunstância". "É um crime e uma ofensa ao povo judeu e a toda humanidade. Não há mais lugar no mundo para o ódio e a intolerância."

O texto foi compartilhado pelo perfil oficial do Podemos, nas redes sociais.

A presidente nacional da legenda, Renata Abreu, também sem citar o nome de Kim, fez declaração na mesma linha. "O nazismo é um crime permanente contra a humanidade. Intolerável e inadmissível qualquer tipo de defesa em um ambiente democrático", escreveu em rede social.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a instauração de procedimento para apurar prática de eventual crime de apologia ao nazismo por Kim e por Monark, que apresentava o programa no qual o deputado participou.

O teor das declarações será analisado pela assessoria criminal de Aras em função de o caso envolver parlamentar com prerrogativa de foro no STF (Supremo Tribunal Federal).

Já o Ministério Público de São Paulo decidiu instaurar um inquérito civil sobre o caso para investigar as condutas de Monark e do Flow Podcast.

O apresentador foi desligado do canal Flow. O caso repercutiu negativamente, o Flow Podcast perdeu diversos patrocinadores e tem sido alvo de muitas críticas.

Diferentes grupos políticos na Câmara dos Deputados decidiram representar no Conselho de Ética contra o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) por ele ter afirmado, no Flow Podcast, que nazismo não deveria ser considerado crime no Brasil.

O PP, a bancada do PT e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) anunciaram que moveriam ação contra Kim.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas