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Descrição de chapéu Congresso Nacional

Elmar encontra Kassab por união na Câmara, e aliados falam em decepção com Lira

Objetivo é tentar convergência contra candidatura de Hugo Motta (Republicanos) à presidência da Casa

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Brasília

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, reuniu-se com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), nesta quarta-feira (4) para tratar de uma eventual aliança dos dois partidos mirando a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara.

Esse movimento ocorre após o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), abrir mão da candidatura para lançar o líder de seu partido, Hugo Motta (PB).

O líder da União Brasil, Elmar Nascimento (BA) - Câmara dos Deputados

Motta é considerado um parlamentar de bom trânsito na Casa, com relação com parlamentares de diversos partidos, tem apoio de cardeais do centrão, como o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e poderia ser um candidato de consenso —tornando-se, então, opção para receber o apoio de Lira.

Aliados de Elmar afirmam que o parlamentar está decepcionado com Lira. Isso porque o presidente da Câmara havia sinalizado que o apoiaria na disputa. Os dois políticos mantêm estreita relação de amizade.

O entorno mais próximo do líder da União Brasil também defende um eventual rompimento com o alagoano —caso ele endosse Hugo Motta—, mas reconhecem que é preciso aguardar os próximos movimentos. Avaliação é que Lira teve participação na construção da candidatura do deputado do Republicanos, ao lado de Ciro Nogueira.

Hoje, são candidatos Elmar, Hugo Motta e os líderes Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL). Desde a entrada de Motta no páreo, nenhum dos outros três demonstrou que irá desistir de disputar.

O encontro entre Elmar e Kassab ocorreu em São Paulo e teve a participação do presidente da União Brasil, Antonio Rueda.

De acordo com relatos de três pessoas a par das negociações, a ideia é que as candidaturas sejam mantidas, com um sinalização de uma convergência mais adiante —não descartam, porém, que isso ocorra apenas num eventual segundo turno da disputa. O martelo ainda não foi batido, mas há uma tendência de que isso seja concretizado.

Além disso, os partidos trabalharão para atrair apoio de outras legendas, como o MDB, PSB, PDT, PSDB-Cidadania, Avante e PRD.

O MDB também tem um candidato no páreo. Apesar disso, no entanto, parlamentares ressaltam a proximidade de Isnaldo com Motta, e avaliam que a tendência, hoje, é de a bancada emedebista apoiar o nome do deputado do Republicanos.

À Folha Isnaldo diz que "está fora de discussão e de cogitação" o MDB endossar esse movimento das duas legendas. "A decisão do MDB será dentro do bloco do qual ele já faz parte. Não tem discussão de bloco futuro", diz ele.

Ele afirma que uma eventual convergência entre as demais candidaturas pode ocorrer mais adiante, mas que ela se dará entre os partidos do mesmo bloco. Hoje, PSD, MDB, Republicanos e Podemos integram o mesmo grupo na Câmara, com 147 deputados.

Um líder governista diz, por sua vez, que o interesse do Executivo é que não haja disputas em sua base no processo de eleição da Mesa Diretora. Assim, caso se confirme esse cenário, o governo não iria atuar em prol de uma ou outra candidatura.

Nos bastidores, parlamentares dizem que esse movimento acabaria encurralando Lira, que, agora, estaria mais propenso a anunciar apoio a Hugo Motta. Isso também minaria o desejo do alagoano de construir uma candidatura de consenso.

Ele já afirmou diversas vezes que busca um nome que tenha apoio tanto do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, como do PT, de Lula —as duas são as maiores bancadas da Casa.

Além disso, avaliam parlamentares, se houver a união dos três partidos (MDB, União Brasil e PSD), isso também pressionaria o governo federal a apoiar a eventual candidatura que represente esse bloco, já que as três siglas reúnem nove ministros na Esplanada do petista. Juntos, os três partidos somam 147 deputados.

Por outro lado, afirmam que também é possível construir o apoio de ala do PT e do PL em torno desse bloco. Isso porque há uma resistência entre petistas ao nome de Motta, já que ele é próximo de Eduardo Cunha (Republicanos), ex-presidente da Câmara e um dos principais articuladores do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Deputados do PL e da oposição também criticaram a possibilidade de Motta ser escolhido candidato de Lira. Eles dizem que o líder do Republicanos representaria, uma vez eleito, os interesses do centrão à frente da Casa.

Dois parlamentares do PL criticaram à reportagem o fato de o deputado ter se reunido com Lula um dia após ser anunciado candidato. Na leitura deles, isso sinaliza que ele será mais governista do que um nome independente.

Num grupo de WhatsApp que reúne parlamentares da oposição, na quarta (4), circularam mensagens sobre o percentual de votação do deputado com as pautas de interesse do governo —que foi considerada alta. O tema da sucessão deverá ser tratado em reunião da bancada do PL na próxima semana.

Por outro lado, Motta também se reuniu com Bolsonaro. O encontro ocorreu na casa do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, e foi descrito como "amigável" por interlocutores do líder do Republicanos.

Kassab

Na quarta, Pereira atribuiu a Kassab sua decisão de desistir da disputa e apoiar Motta.

O presidente do Republicanos tentava convencê-lo desde a semana passada a abrir mão da pré-candidatura de Brito para apoiá-lo, mas não teve sucesso.

"[A relação] segue a mesma, eu só vou olhar para ele [Kassab] lembrando que ele me impediu de ser o presidente da Câmara", disse Pereira.

Nesta quinta (5), Kassab afirmou que compreende a dor de Pereira, mas que o PSD não poderia renunciar a uma candidatura legítima, ainda mais a cinco meses da eleição.

"Compreendo que ele [Pereira] esteja frustrado. A frustração sempre traz uma dor. Mas, lamentavelmente, não podemos acompanhá-lo neste projeto. O PSD já tem um candidato", alegou Kassab.

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