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Descrição de chapéu Turismo no Estado de SP

Afroturismo resgata história negra no interior de São Paulo

Passeio visita pontos em Campinas e Piracicaba, que têm herança escravagista

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São Paulo e Campinas

​Unir lazer e resgate da memória afro-brasileira é a proposta do afroturismo, que visa reconstruir a herança negra a partir de lugares cotidianos.

O projeto Rotas Afro faz isso durante caminhadas nas regiões centrais de Campinas e Piracicaba, no interior de São Paulo. "As duas cidades têm forte herança escravagista, que é apagada", afirma a guia de turismo Julia Madeira, 24, fundadora da iniciativa.

Parque do Engenho Central, localizado na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Em Campinas, o tour visita, por exemplo, o prédio de uma creche desativada, construído sobre um cemitério de cativos do século 19. A cidade foi a última do país a abolir a escravidão. Já Piracicaba concentrava grande número de escravizados para produção de açúcar e álcool.

O historiador Guilherme Oliveira, 25, também integra o Rotas Afro. Pesquisador de história africana pela Unicamp, ele conta que essas iniciativas têm se espalhado, ajudando a "pensar uma formação antirracista da sociedade".

A lista inclui a Caminhada São Paulo Negra, na capital paulista, que passa por bairros centrais como Liberdade e Bixiga contando a história de personalidades, coletivos e manifestações culturais.

Já a startup de turismo Diáspora Black reúne roteiros para quem quer conhecer o país a partir de referências negras.

"O Brasil foi construído por mãos pretas, mas a história do país foi escrita por mãos brancas", diz Guilherme.

As caminhadas do Rotas Afro duram cerca de três horas e custam entre R$ 40 e R$45 por pessoa. Crianças de até 11 anos não pagam. Para escolas e empresas o valor é negociado pelo tamanho dos grupos. Os ingressos estão disponíveis no site diaspora.black, ou nas redes do Rotas Afro (@rotasafro).

PIRACICABA


1- Clube Treze de Maio

Fundado em 1901 para arrecadar fundos para comemorações do 13 de maio, assinatura da Lei Áurea, tornou-se uma organização para prestar serviços médicos, jurídicos e financeiros a famílias negras. Hoje, promove eventos culturais e faz interlocução com o governo.

2 - Igreja São Benedito

A capela foi construída no início do século 19 pela Irmandade dos Homens Pretos, para atender escravizados. Inicialmente, homenageava Nossa Senhora do Rosário, ligada aos negros. Em 1889, passou a ser devota de São Benedito. O prédio foi tombado em 2002.

3 - Centro de Documentação, Cultura e Política Negra

Vinculado à Sematur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo), foi criado em 1991 para articular as ações da comunidade negra.

4 - Ponte Irmãos Rebouças

Os irmãos Antônio e André Rebouças foram os primeiros engenheiros negros do país. A ponte, construída por eles em 1875, tem 183 metros de comprimento e era usada para escoar produtos agrícolas. Conhecida hoje como ponte do Mirante, foi a primeira do país feita em concreto armado.

5 - Engenho Central

O prédio, de 1881, foi um engenho de açúcar e álcool. Lá está instalado o único busto da cidade em homenagem a uma pessoa negra, Dr. Preto, o médico André Ferreira dos Santos, morador de Piracicaba no início do século 20. O Parque do Engenho Central tem festas, manifestações culturais e é sede da Sematur.

CAMPINAS


6 - Largo São Benedito

O espaço foi construído no século 19 pela Irmandade Católica de São Benedito, formada por pessoas negras. A entidade oferecia assistência aos escravizados e forros. A paróquia, anexada ao largo, foi projetada por mestre Tito, considerado o primeiro arquiteto negro de Campinas.

O local também já abrigou o Cemitério dos Cativos, para o enterro de escravizados. É o único espaço público da cidade com um monumento a uma mulher negra, a estátua da Mãe Preta, de 1984, que representa uma ama de leite.

7 - Largo do Rosário

O largo e sua igreja, no centro, foram construídos pela Irmandade do Rosário, uma das comunidades religiosas negras mais antigas da cidade, que arrecadava dinheiro para comprar alimentos e a alforria de escravizados. Uma reforma, em 1956, demoliu a igreja. Hoje, em seu lugar, passa o cruzamento das avenidas Campos Sales e Francisco Glicério. A igreja foi reconstruída a cerca de 3 km do local original.

Monumento Mãe Preta, de 1984, instalado no Largo de São Benedito em Campinas (SP) - Divulgação

8 - Largo Santa Cruz

O local recebeu a primeira forca de Campinas, instalada na década de 1830, para a execução de escravizados. O caso mais famoso é o de Elesbão. Acusado de matar seu senhor em 1831, ele foi enforcado em 1835 e teve seu corpo esquartejado e exposto em diversos pontos do centro da cidade.

9 - Casa de Cultura Fazenda da Roseira

Foi uma das principais fazendas de café da região. Atualmente, é uma casa de cultura, mantida pelo pelo grupo de jongo Dito Ribeiro.

10 - Instituto Ibaô

Fundado em 2007, é resultado do esforço de mestres de capoeira e escolas de samba que, na década de 1970, ofereciam assistência social e acesso à cultura para a população marginalizada. O instituto atua na preservação de práticas de matriz africana.

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