Enfermeira criou embrião da UTI durante Guerra da Crimeia

No século 19, sistema que classificava feridos por gravidade reduziu mortes no conflito; veja evolução das UTIs

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São Paulo

O investimento em formação específica e o uso de tecnologia ajudaram a diminuir a mortalidade de pacientes em estado crítico à medida que a medicina intensiva se estruturava.

"Quando se falava em UTI [Unidade de Terapia Intensiva], imaginava-se que a pessoa iria morrer. Hoje em dia é diferente", diz Vitor Costa Palazzo, médico intensivista e coordenador da residência em pediatria do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba.

Leito de UTI do Hospital Pequeno Príncipe (PR) década de 1990
Leito de UTI Pediátrica no Hospital Pequeno Príncipe (HPP), em Curitiba (PR), na década de 1990 - Arquivo/HPP

As UTIs recebem pacientes em estado grave, em quadros que podem ser desencadeados por fatores como doenças, procedimentos cirúrgicos ou falha de um órgão.

Em junho de 2020, o país contava com 66,7 mil leitos de UTI, de acordo com os dados mais recentes do Conselho Federal de Medicina.

Os primeiros centros de terapia intensiva chegaram ao Brasil a partir da década de 1960, segundo a Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira). Na época, um aparelho chegava a ocupar espaço semelhante ao de uma mesa.

Desde então, os instrumentos reduziram de tamanho e avançaram, passando a monitorar funções vitais a distância, por exemplo.

Conheça A História Da Medicina Intensiva


Sistema de triagem se torna o embrião da UTI (1854)

A enfermeira britânica Florence Nightingale (1820-1910) criou um sistema de triagem que priorizava os feridos de guerra por escala de gravidade. A iniciativa é considerada o embrião da UTI e diminuiu a mortalidade entre os feridos das batalhas da Guerra da Crimeia, que se estendeu até 1856 e envolveu Inglaterra, França e Rússia

Evolução da medicina intensiva ganha força (década de 1930) 

Alocar pacientes de acordo com a complexidade da doença foi um ponto de partida importante para o desenvolvimento da UTI. Na década de 1930, por exemplo, o neurocirurgião Harvey Cushing (1869–1939) inaugurou procedimentos de pós-operatório, com monitoramento constante

‘Pulmão de aço’ é criado nos EUA (1928) 

O primeiro equipamento para auxílio à respiração ficou conhecido como ‘pulmão de aço’. Criado pelo engenheiro Philip Drinker (1894-1972), era uma câmara que usava a diferença de pressão atmosférica para inflar o pulmão e permitir a entrada de ar

Brasil desenvolve ventilador mecânico (1955) 

O anestesiologista paulistano Kentaro Takaoka (1919-2010) criou no país um aparelho portátil que permitiu a ventilação controlada em cirurgias, utilizado a partir de 1955

Primeira UTI é inaugurada (1958) 

O americano Peter Safar (1924-2003) foi um dos pioneiros da medicina intensiva e popularizou técnicas como a massagem cardíaca. Em 1958, ele inaugurou em Baltimore (EUA) uma unidade dedicada a cuidar de pacientes em estado crítico, com suporte às funções vitais, considerada a primeira UTI

RJ e SP criam centros pioneiros (década de 1960) 

O crescimento da medicina intensiva no Brasil se deu simultaneamente em mais de um hospital-escola, entre 1960 e 1970. A Amib indica tanto a unidade do Hospital das Clínicas em São Paulo (1963) como a UTI respiratória do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (1967) como precursores

Tecnologia da informação é incorporada à UTI (década de 2010) 

UTIs passaram a ter profissionais de tecnologia. Isso tornou possível, por exemplo, monitorar funções vitais a distância

Fontes: Associação de Medicina Intensiva Brasileira; Renata Viggiano, infectologista e intensivista no Hospital Universitário Antônio Pedro; Thiago Gomes Romano, coordenador médico da UTI geral do hospital Vila Nova Star e da UTI oncológica do São Luiz Itaim

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto dizia que a enfermeira Florence Nightingale (1820-1910) era italiana. Ela era britânica.

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