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'Carewashing': como fugir de ciladas quando o assunto é bem-estar no trabalho

Newsletter FolhaCarreiras explica como identificar iniciativas de saúde mental que são propaganda enganosa nas empresas

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São Paulo

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A pandemia trouxe mais atenção para questões de bem-estar e saúde mental no ambiente de trabalho. E o assunto avança desde então.

De acordo com a última pesquisa "Lugares Incríveis para Trabalhar", da Fundação Instituto de Administração (FIA), 87% das companhias oferecem treinamentos e palestras sobre saúde mental —um aumento de 5% em relação a 2022.

Desde 2020, cresceu gradativamente o número de empresas que não só falam abertamente sobre o tema, mas investem em programas, explica o psiquiatra Wagner Farid Gattaz, professor da Faculdade de Medicina da USP e fundador da GHR, consultoria de saúde mental em empresas.

Mas... "Quando há mais mercado, a oferta aumenta. Primeiro, com produtos de qualidade e, depois, com as 'cópias baratas'. Tudo passou a ser terapia, inclusive programas sem embasamento científico, de eficácia duvidosa", diz Gattaz.

O 'carewashing' é uma propaganda enganosa das empresas em relação ao bem-estar oferecido aos colaboradores - Adobe Stock

Nesse cenário, surge um movimento conhecido como "carewashing": empresas se comprometem com uma cultura positiva, oferecem certos programas e benefícios, mas não garantem um ambiente de trabalho saudável.

Entenda: o nome tem a mesma origem do "greenwashing", expressão que significa "lavagem verde" e costuma ser usada no sentido de propaganda enganosa sustentável. É quando companhias tentam mostrar que fazem mais em prol do meio ambiente do que realmente fazem.

↳ Mas, em vez de sustentabilidade, estamos falando sobre cuidado (do inglês "care"). É uma propaganda enganosa em relação ao bem-estar que oferecem aos colaboradores.

As empresas perceberam que, para atrair e reter bons profissionais, é essencial garantir bem-estar, diz Maria Sartori, diretora da Robert Half. "Mas pouco adianta oferecerem aula de yoga, mindfulness ou flexibilidade sem garantir, no dia a dia, o ambiente com o qual se comprometem."

E as lideranças têm um peso grande na hora de concretizar as diretrizes ou valores das companhias, acrescenta Sartori.

↳ Lembra da pesquisa da FIA que citei anteriormente? De acordo com ela, 47% das empresas relataram promover treinamento dos líderes para identificar problemas nas equipes.

"Preparar gestores é uma prática menos frequente. Vejo como um grande paradoxo: quando a gente analisa os níveis de estresse, os gestores, inclusive, estão mais sobrecarregados do que os próprios funcionários", comenta Lina Nakata, professora da Ibmec e da FIA Business School e cientista de dados da Great Place to Work.

Isso porque... É mais difícil mudar a cultura de uma empresa. Demanda organização, tempo e, também, dinheiro.

  • "É mais fácil contratar uma pessoa que faça aromaterapia do que contratar um psicólogo com formação em terapia cognitivo-confortamental ou especializado em psicologia do trabalho", diz Wagner Gattaz.

Então, o que é bem-estar no ambiente de trabalho? Veja fatores que de fato promovem saúde mental, de acordo com os especialistas:

1. Comunicação. Feedbacks construtivos, sejam positivos ou negativos, transparência e eficiência na comunicação criam um ambiente melhor. Segundo Gattaz, empresas com maiores níveis de comunicação positiva têm menor incidência de doenças mentais.

2. Autonomia. É conferir ao colaborador poder de decisão, quando possível, sobre o que fazer, como fazer e quando fazer. "Ele se sente ativamente envolvido não só com o trabalho mas também com a empresa", afirma o psiquiatra.

3. Suporte social. É o acolhimento no ambiente de trabalho. "Ter um bom relacionamento de confiança com chefias e colegas de trabalho, saber que tem alguém para conversar e que há compreensão caso haja um problema financeiro, familiar ou uma doença", exemplifica Gattaz.

E como evitar o "carewashing"? O processo seletivo tem papel importante na hora de identificar empresas que podem ser uma cilada quando o assunto é bem-estar e saúde mental.

"Os candidatos têm o direito e o dever de também entrevistar o lado de lá para tirar as próprias conclusões", orienta Maria Sartori, da Robert Half.

Usar as redes sociais, ferramentas como o Glassdoor, e conexões dentro das empresas ajuda a entender se aquele ambiente se encaixa no que você busca.

  • As empresas que "falam, mas não fazem" acabam em descrédito em um mundo altamente conectado, diz Sartori.

Se você já está na empresa... Antes de fazer qualquer movimentação, tente buscar uma solução. O assunto é novo, explica Sartori, e as empresas estão se adequando.

"A grama do vizinho vai ser sempre mais verde. Algumas empresas têm uma 'diretoria de felicidade', enquanto você mal tem um RH estruturado. Mas a gente não pode se iludir de achar que existe uma empresa perfeita", diz a especialista.

Por isso... Fazer parte do problema e tentar resolver é mais construtivo do que "chutar o balde".

"Você pode se surpreender positivamente com ações que estejam planejadas ou com a abertura do seu gestor ou do seu RH para te ouvir e tentar implementar alguma coisa", afirma Sartori.


Conselhos de CEO

Profissionais em cargos executivos dão dicas para quem está em início de carreira

Mauricio Giamellaro, 53, presidente do Grupo Heineken no Brasil - Divulgação

Sobre ela/ele: Formado em economia pela PUC-SP, Mauricio Giamellaro é o primeiro brasileiro a liderar o Grupo Heineken no Brasil. Ele ingressou na empresa em 2012 como vice-presidente de vendas e distribuição. Sua trajetória profissional tem passagens pelo Ministério da Fazenda, Unilever Brasil, PEPSICO e Reckitt Benckiser. Também liderou uma empresa de capital privado no Brasil.

Meu primeiro emprego... Foi um estágio no Ministério da Fazenda durante a faculdade de economia. Mas minha veia comercial sempre foi muito forte. Sou filho de um ex-corretor de imóveis, quando criança já vendia meus tênis, por exemplo. Isso sempre esteve comigo.

Um erro do qual não esqueço... Em 2010, eu era o presidente de uma empresa de produtos de higiene, saúde e nutrição no México e foi a primeira vez que me senti infeliz no trabalho. Eu já vinha de uma experiência anterior muito desafiadora na Argentina, pois ficava boa parte do tempo viajando e distante da minha familia, o que me entristecia muito. Esse período foi um dos mais desafiadores da minha carreira, mas me fez ter ainda mais certeza do que eu valorizo: minha esposa, Valéria, e meus filhos, Lucas e Luana.

O que eu faria diferente... Deveria ter "aproveitado mais a viagem", dedicado tempo para aprender e errar mais, ter tido mais calma. É muito importante ter objetivos bem traçados, mas ter calma para notar o que está no caminho é ideal. Só tive essa visão clara ao chegar ao cargo de CEO, quando entendi que tinha "chegado lá", mas as vezes com a sensação de ter corrido mais do que deveria.

Uma habilidade essencial... Existem muitas importantes no dia a dia, ser humilde, conectar pelo coração e outras ligadas a gestão de pessoas, mas sempre digo que é importante "saber querer", ou seja, ter um plano claro de onde você quer chegar para, assim, entender o que é preciso ser desenvolvido durante a sua trajetória. Tudo isso embalado com equilíbrio de vida, com foco em sua felicidade e seus propósitos.

Um conselho para jovens profissionais... Além de curtir a viagem e o "saber querer", acreditem que vocês podem aprender e fazer sempre mais e melhor. Com disciplina e sempre tendo um propósito claro em tudo o que fizerem.


Dica de carreira

Orientações para seu desenvolvimento pessoal e profissional

Como melhorar a comunicação virtual? Veja boas práticas na hora de mandar um email:

1 - Qual tipo de assunto merece um email?

  • Quando for para registrar informações de uma reunião, aprovar entregas ou solicitar demandas específicas.
  • Formalizar por email é importante para ter segurança do que foi falado ou combinado em conversas presenciais ou em outros canais de comunicação.

2 - Qual o tamanho ideal?

  • Muito curto pode parecer grosseiro, a depender do contexto, mas ser direto é bom para não desperdiçar o tempo dos colegas.
  • O tamanho da mensagem depende do assunto, mas o principal é que seja direto e objetivo.
  • Caso esteja muito longo, separe-o em tópicos para evitar que a leitura se torne cansativa.
  • Vai anexar um documento? Separe em tópicos o que há de relevante no arquivo, como produtos e valores.

*As dicas são de Jéssica Gondim, gerente de projetos na Companhia de Estágios, e Tamires Teixeira, mentora de carreiras.

Leia a reportagem completa aqui.

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