Grécia teme mais violência em dia de enterro de jovem morto pela polícia
As autoridades gregas receiam que possa haver mais distúrbios nesta terça-feira, quando deve ser sepultado o corpo de Alexandros Grigoropoulos, 15, morto a tiros por um policial em um incidente que causou manifestações violentas em várias cidades do país.
O funeral deverá se realizar em um subúrbio da capital, Atenas, às 15h (11h, horário de Brasília).
Uma operação de limpeza está sendo realizada na capital grega nesta terça-feira, depois de uma terceira noite de distúrbios. Bancos, lojas e hotéis em Atenas foram depredados e atacados com bombas incendiárias.
O primeiro-ministro da Grécia, Costas Karamanlis, reúne-se com o presidente Karolos Papoulias e os líderes dos partidos de oposição para discutir como acalmar os manifestantes e pôr fim aos distúrbios.
Nesta segunda-feira (8), Karamanlis pediu solidariedade para com a família de Grigoropoulos, mas disse que o governo tem a obrigação de proteger a comunidade. "Os eventos inaceitáveis e perigosos que ocorreram ante as emoções mais extremas não podem e não devem ser tolerados", afirmou.
O correspondente da BBC em Atenas, Malcolm Brabant, disse que o governo não vai convocar soldados para lidar com o caso porque o povo grego tem uma lembrança amarga do regime militar.
Segundo Brabant, na capital a polícia parece impotente para impedir que os manifestantes ataquem símbolos de riqueza e prestígio.
A polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que revidavam com bombas incendiárias. Além de dependências comerciais, carros, latas de lixo e até a gigantesca árvore de Natal na Praça Syntagma, no centro de Atenas, foram queimadas.
"Raiva é o que eu sinto pelo que aconteceu. Raiva", disse um estudante que participou de um protesto. "Este policial que fez isto precisa ver o que é matar um rapaz e destruir uma vida."
Choques violentos foram registrados em várias partes do país, inclusive Rodes e Creta, na segunda-feira. Delegacias foram atacadas em Pireus e Corfu.
Centenas de estudantes entraram em choque com tropas de choque em Salônica, a segunda maior cidade grega, onde estudantes usaram as instalações da universidade para armazenar bombas incendiárias.
Karamanlis culpou "elementos extremos" de se aproveitarem da situação para praticar vandalismo, e prometeu compensar as empresas que sofreram danos.
Dois policiais foram presos em conexão com a morte de Grigoropoulos, mas o resultado do exame necrológico deve determinar a trajetória da bala que o matou e esclarecer o incidente.
O policial que disparou o tiro diz que o adolescente foi morto quando a bala ricocheteou, mas testemunhas disseram à TV grega que este foi um tiro direto.
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