Jairo Marques

Assim como você

Jairo Marques - Jairo Marques
Jairo Marques
Descrição de chapéu pessoa com deficiência

Dez atitudes capacitistas de que você nem se dá conta

Evitar uma pessoa com deficiência, fingir que ela não existe, emperra a inclusão e é preconceito

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Cada vez mais, os grupos sociais se organizam para terem suas identidades respeitadas e para criarem espaços dignos de manifestação, de crescimento, de trabalho e de relações as mais diversas. Entender que estão entranhadas em nossa mentalidade maneiras preconceituosas de tratar as diferenças, ajuda a aumentar a velocidade do processo. Aqui, algumas dicas:

1 - No meio da reunião, seu chefe te colocando na parede, fazendo pressão e você solta o argumento mór dos desesperados: "estou sem braços para isso".

Não sou nenhum patrulheiro de expressões idiomáticas, mas toda vez que a gente atribui incompetências, entraves ou impossibilidades fazendo uso de inabilidades físicas, sensoriais ou intelectuais, o capacitismo –preconceito contra pessoas com deficiência— aflora.

Vale refletir sobre "é tão fácil que um cego poderia fazer"; "está usando essa desculpa como muleta"; "o mercado abriu meio autista", "trocou os pés pelas mãos". Ter uma condição diferente não imputa a ninguém bloqueios eternos. Tudo se refaz, se reinventa, se completa de outra maneira.

Um meio-fio de uma calçada sem rampa está grafitado com um rosto estilizado em vários cores; há a inscrição, Sem rampa calçada é muro
Arte Negritoo. Graffitis mostram que calçadas sem rampas se tornam muros para quem é cadeirante; não promover acessibilidade é favorecer o capacistimo - Genga Estúdio *Graffitis* / Divulgação

2 - "Mas essa médica anda de cadeira de rodas? Como ela examina?"; "Como essa moça surda vai dar conta de fazer a tarefa assim". Duvidar do preparo intelectual de uma pessoa com deficiência sem base real é capaticismo clássico. Não projete a sua incapacidade no outro.

3 – O atendente tem síndrome de Down e você foge dele porque não sabe "lidar". Ainda não foi criado o "manual do serumano", então, abra-se à diferença dos outros, aprenda outras formas de se comunicar e trocar. Evitar uma pessoa com deficiência, fingir que ela não existe, emperra a inclusão e é capatismo.

4 – Propagar que uma tetraplegia, uma paralisia cerebral foi punição de "gzus", foi para pagar as maldades e coisas religiosas do tipo. Seja qual for sua fé, a humanidade é prática que pode ser comum.

Em um meio-fio de uma calçada um grafite de um desenho animado bastante colorido; há a inscrição Sem Rampa, Calçada é Muro
Graffitis mostram que calçadas sem rampas se tornam muros para quem é cadeirante; possibilitar acessos a todos é combater o capacitismo - Genga Estúdio *Graffitis* / Divulgação

5 – É capacistismo quando não se promove acessibilidade porque "ninguém com deficiência vem aqui". Ir e vir é direito; instrumentos de inclusão são amparados por lei e ser bem-vindo implica ter as portas abertas e convites com sorrisos.

6 – Todas as vezes que se diz que um cadeirante que só toca sua rotina normalmente é um exemplo de superação, além de os pandas chorarem no Himalaia, uma demonstração capacitista foi dada. Normalmente, enaltecer demais uma pessoa com deficiência oculta a falta de ações concretas para que ela acione a vida social, a cidadania. Méritos devem ser elogiados, realizar o básico é da vida.

7 – Uma das formas mais complexas de capacitismo é o ajudar sem ninguém ter pedido, ofender-se por ter ajuda recusada e insistir para ajudar. Costumo dizer que nunca consigo tocar minha cadeira por mais de dez metros porque irá aparecer o escoteiro do dia atrás de fazer sua boa ação. Todo o mundo vive melhor sendo prestativo, mas é sempre bom saber como auxiliar, se é de fato necessário e qual o nível de apoio você pode dar. Pessoas com deficiência também curtem ter autonomias.

8 – Se na sua escola não tem aluno com deficiência, se no seu trabalho não há profissionais com deficiência, pode apostar, alguém na estrutura está sendo capacitista. Cobre inclusão e diversidade!

9 – Tratar uma criança com deficiência como anjo colorido ou serzinho iluminado é fofo, mas é capacitista, assim como fazer "guti-guti" com um homem tetraplégico que você pensa ser um bebê.

10 – Deficiência não define gênero. Existe cadeirante sapatão, surdo gay. Todos têm –ou merecem ter-- vida sexual, expressão de gênero. Qualquer pensamento contra isso, é duplo preconceito.

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