Jairo Marques

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Beth Gomes é o nome paralímpico brasileiro vindo de Paris

Se ela enfrenta o potencial de perder um pouquinho de si a cada solavanco de sua enfermidade, ela marca a história em arenas mundo afora

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A imagem mostra uma mulher vestida com um agasalho amarelo,representando o Brasil, com o logotipo da Asics e detalhes em verde. Ela está segurando uma medalha de ouro, mordendo-a, um gesto comum de celebração entre atletas. Ela parece muito emocionada e está sorrindo. A atleta segura um mascote vermelho na mão esquerda. Ao fundo, uma pessoa aplaude.
Beth Gomes, 59, celebra no pódio sua medalha de ouro no lançamento de discos, classe F53 para mulheres, no Estádio da França, em Paris - Stephanie Lecocq/Reuters

Se a ginasta Rebeca Andrade foi o símbolo do Brasil olímpico, a atleta Beth Gomes precisa ser elevada ao nome paralímpico nacional, com direito a dancinha comemorativa da Janja, cerimônia no Planalto com aquele afago sui generis do Lula nas bochechas e prêmios de honra ao mérito, com estátua na orla de Santos, sua terra natal.

Rendo coroa de louros e desfile em caminhão de bombeiros ao feito da nadadora Carol Santigo, que tornou-se a brasileira mais premiada da jornada paralímpica, e aplausos efusivos ao novo Netuno tupiniquim das piscinas, Gabriel Araújo, o Gabrielzinho. Mas a história sem precedentes a se contar e se gravar nos livros é a de Beth Gomes.

Recém-laureada bicampeã paralímpica no lançamento de disco, Beth celebra, em janeiro próximo, 60 anos, é uma das mais velhas competidoras da delegação nacional. Foi a porta-bandeira do grupo desfilando emocionada, ansiosa e cheia de responsabilidades em sua cadeira de rodas.

A imagem mostra uma atleta em ação durante uma competição de lançamento de peso. Ela está vestindo um uniforme azul com a palavra 'BRASIL' em destaque. A atleta tem uma expressão facial de esforço, com os olhos fechados e a boca entreaberta, enquanto segura a bola de peso com a mão direita. O fundo é desfocado, sugerindo um ambiente de competição.
Beth Gomes na final do arremesso de peso nos Jogos Paralímpicos de Paris - Ana Patrícia Almeida/CPB

Mas não é somente a idade pouco usual para uma campeã e o enfrentamento ao etarismo –que raramente se pratica no ambiente dos Jogos— o que faz da santista merecedora de glórias nacionais. Há pouco mais de trinta anos, ela acomoda a vida aos desafios da esclerose múltipla.

Se ela tem de enfrentar o potencial atordoante de perder um pouquinho de si a cada solavanco da intrigante enfermidade, ela ganha lembranças, ergue vitórias e marca a história em arenas mundo afora com suas performances.

Ah, sim, em Paris, ele teve o requinte de soar o sino de um novo recorde paralímpico. O anterior já era dela, evidentemente. São quase 40 marcas de honra ao longo de sua trajetória. Ela ganhou também, em terras francesas, uma medalha de prata, no arremesso de peso.

Em 2017, o que a campeã se concentrou para jogar para frente foi uma das crises da esclerose múltipla. Já com a condição de perda dos movimentos das pernas, a doença flertou com sua mão esquerda, a que usa para lançar suas esperanças de dias melhores, dias de ouro. Com treino, ela se readequou, seguiu e minerou mais e mais.

É tão gostoso ver as repetições dos saltos harmônicos e encantadores de Rebeca Andrade. É formidável ver a imagem da jovem nas redes, nos comerciais, em entrevistas por todos os cantos. Mérito, claro.

Para todo o mundo que festeja a diversidade, a inclusão e uma realidade mais plural, a expectativa é também ver a cena do lançamento de ouro da Beth sendo reproduzida nos outdoors, seu percurso contado nas escolas e seu nome falado com sorrisos cheios de orgulho pelos brasileiros.

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