Baú do Cinema

A memória dos filmes e onde encontrá-los

Baú do Cinema - Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

Exposição em São Paulo traz cartazes de cinema autografados

Peças na Faap têm assinaturas de Coppola, Suzana Amaral e Wim Wenders, entre outros

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Cartaz do longa 'O Poderoso Chefão'
Cartaz do longa 'O Poderoso Chefão' (1972) em versão exibida na então Tchecoslováquia; peça está autografada pelo diretor Francis Ford Coppola - Divulgação

Celebrar a união do cinema com as artes gráficas. Este é um dos objetivos de uma mostra com 56 cartazes de filmes no Museu de Arte Brasileira da Faap, em São Paulo, gratuita e aberta até 6 de agosto. Não à toa, o nome da exposição é 'Cinematográfica'.

As peças pertencem à filmoteca da Faap, hoje com cerca de 7.500 cartazes. Os exemplares exibidos, do período entre 1969 e 2017, foram autografados por diretores, atores, produtores e profissionais envolvidos em cada um dos longas.

Estas assinaturas, segundo o curador da mostra, professor Rubens Fernandes Junior, dão aos cartazes uma nova dimensão, anulam sua efemeridade. "Em geral, eles são peças gráficas, produzidos em escala de milhares, para serem exibidos nos cinemas e depois descartados. À medida que foram assinados, ganharam vida única, singularidade."

Na exposição, os 56 cartazes estão divididos em quatro núcleos: filmes nacionais, internacionais, animações e de ex-alunos da faculdade de cinema da Faap. "Neles, além do cinema, vemos a história das artes gráficas e das ilustrações", afirma o professor.

Estão em exibição peças de ‘O Poderoso Chefão’ (1972), uma versão tcheca assinada por Francis Ford Coppola, de ‘Medo e Obsessão’ (2004), com o autógrafo de Wim Wenders, e de ‘O Comissário Pepe’ (1969), a mais antiga da mostra, assinada por Maria Sole Tognazzi, filha do ator Ugo Tognazzi. Há ainda nomes como Eduardo Coutinho, Suzana Amaral, Carlos Saldanha e Alan Parker.

‘O cartaz é o estandarte de guerra de um filme’

A frase acima, do montador, pesquisador e professor Máximo Barro, morto em 2020, é citada pelo curador Fernandes Junior na exposição. Representa o tempo das salas de rua, que, em São Paulo, travavam lado a lado uma batalha pelo público, principalmente no centro da cidade. "Os cartazes tinham a função de atrair o espectador para a sala de exibição", diz o curador. Eram peça importante desta 'guerra'.

Mas se os cartazes até há alguns anos eram um chamariz de público, têm perdido a importância com o fechamento das salas de rua e a chegada de novas formas de divulgação dos filmes.

"A tendência é que eles desapareçam. Hoje, os exibidos nos cinemas não são de papel, são banners. E há ainda os backlights, em que os cartazes de vários filmes vão se revezando. A peça de papel, impressa, é cada vez mais rara", diz o professor Rubens Junior.

Daí a importância da coleção da Faap, iniciada nos anos 1980, quando a instituição adquiriu a biblioteca de um professor que havia falecido.

"A ideia [da coleção] é empreender uma batalha contra a dispersão", afirma o curador. "Nosso acervo tem bastante musculatura. Temos, por exemplo, cartazes de filmes de Chaplin com mais de cem anos, impressos em litografia. Eram peças múltiplas que se tornaram únicas", diz.

Exposição Cinematográfica
Museu de Arte Brasileira da Faap
rua Alagoas, 903, Higienópolis, São Paulo
Gratuito, até 6 de agosto
Todos os dias, das 10h às 18h, exceto às terças-feiras

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