O samoieda Snow, 7, a dálmata Teela, 2, e o bernesse Bello, de sete meses, são os novos reforços no quadro de servidores da Justiça do Paraná. São cães treinados, que se juntaram à equipe técnica do fórum de Londrina em um projeto para dar suporte emocional e permitir que crianças e adolescentes vítimas de violência sejam ouvidos de forma mais acolhedora.
Segundo o TJ (Tribunal de Justiça) do estado, os três se tornaram os primeiros cães de assistência judiciária do Brasil, graças a uma parceria com o Ibetaa (Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais).
Eles foram incorporados neste mês de julho como instrumento terapêutico na rede de proteção a crianças e adolescentes vítimas de violência psicológica, física, abuso sexual ou abandono e, de acordo com a Justiça paranaense, os primeiros atendimentos mostraram resultados positivos. Teela, por exemplo, já recebeu até cartinha de agradecimento.
"O ambiente forense não é um ambiente agradável para uma criança ou adolescente. Então, o animal é para eles terem vontade de entrar no fórum, se sentirem mais à vontade, diminuir o estresse, a angústia, esse medo do momento de falar. Através da aproximação com o cachorro, que eles possam se soltar um pouco mais", diz Camila Tereza Gutzlaff Cardoso, juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Londrina, em publicação do TJ.
Ela diz ainda que os próprios servidores se sentem acolhidos diante dos animais.
Novidade por aqui, cães de assistência judiciária frequentam há tempos tribunais nos Estados Unidos. A ONG Courthouse Dogs, por exemplo, promove desde 2003 o uso de cães para conforto a crianças e adultos vítimas ou testemunhas de crimes.
Se a presença de animais de suporte ainda engatinha no Judiciário, o benefício dos pets no dia a dia já é bem conhecido. Além de grandes amigos, animais de apoio emocional dão suporte a tutores com ansiedade ou depressão, e há hospitais que adotam a terapia assistida com bichos.
No caso dos cães em atuação no fórum de Londrina, o treinamento é aperfeiçoado continuamente.
Carlos Pires, fundador e diretor do Ibetaa, lembra que não é qualquer cão que pode atuar dessa forma. "O animal passa por testes de comportamento para saber se tem o perfil. Depois, outros testes para saber se ele vai dar conta. Não é só porque o cachorro é bonzinho que ele vai virar um cão de assistência judiciária."
Conforme o TJ, cerca de 30 pessoas do fórum também passaram por capacitação com profissionais do Ibetaa, com preparação teórica e acompanhamento prático para o manejo do cachorro.
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