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Valéria França
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câncer

Pesquisa mostra eficiência da Cannabis para dor crônica

Quase a totalidade dos pacientes declara satisfação com o tratamento

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Employees process cannabis plants at Demecan, the first German company to supply medicinal cannabis to the German Cannabis Agency in Ebersbach, Germany, June 13, 2023. REUTERS/Matthias Rietschel ORG XMIT: GGG-MR-10
Cannabis medicinal: dor crônica é a primeira causa para o tratamento, seguida de doenças mentais, segundo pesquisa do Cannabis & Saúde. - MATTHIAS RIETSCHEL/REUTERS

As pesquisas de opinião são sempre muito importantes. Elas revelam a satisfação do público com determinado produto, seja ele consagrado ou não no mercado, e dá chances do produtor se ajustar. Acaba de sair do forno um levantamento que tem como alvo o tratamento com substâncias derivadas da Cannabis, realizado pelo portal Cannabis & Saúde, que concentra acesso a médicos especializados e caminhos para importação do medicamento. Apenas 4,8% dos entrevistados revelaram insatisfação com os produtos derivados da planta.

Outro ponto não menos relevante é a pesquisa apontar a finalidade do tratamento. Em média três de cada dez pessoas (35,8% dos entrevistados) usam para alívio da dor crônica, causada por doenças distintas, entre elas, fibromialgia, enxaqueca, artrite e câncer. No Brasil, o medicamento mais consumido é opioide, produto com aquisição facilitada pelo baixo preço e variedade de endereços de compra.

Por exemplo, a caixa de codeína — opioide fraco — sai em média R$ 60, com 30 comprimidos. De acordo com a pesquisa do Cannabis & Saúde, seus pacientes gastam em média R$ 400, na compra dos derivados da planta, CBD (Canabidiol) e THC (Tetrahidrocanabidiol). Para adquiri-los, existem as opções da importação (que tem trâmites legais e precisa da autorização da Anvisa), da compra na farmácia (mas ainda são poucos as marcas que chegaram lá) ou em associações de pacientes.

É longa a luta dos EUA para combater a "epidemia dos opioides", que mata 100 mil americanos de overdose por ano. Com grande poder de analgesia, remédios dessa categoria implicam no aumento progressivo das doses para manter o efeito, quando o uso é muito prolongado. Daí, o grande problema. Sabe-se que todo medicamento tem algum efeito colateral, mas quando se ultrapassa a dose de segurança, traz mais problemas do que soluções para o bem-estar.

No Brasil, 37% de brasileiros com mais de 50 anos usam opioides, a maioria para dores crônicas, de acordo com levantamento recente do Ministério da Saúde. A Cannabis medicinal poderia ser uma alternativa aos opioides, acessível a toda população. Mas o preconceito em relação a planta é grande entre os legisladores, os únicos capazes de viabilizar esse mercado, que poderia ter preços mais populares, se o país plantasse o cânhamo. Isso sem contar a possibilidade do surgimento de uma nova commodity brasileira no mercado internacional.

avanços do tratamento conquistados na última década, que não podem ser desconsiderados. Graças a uma enorme pressão dos pacientes e familiares, houve a regulação da importação e da venda nacional nas farmácias pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O conhecimento público do drama de crianças e adultos, que sem a Cannabis não teriam vida digna, aumentou o entendimento da Justiça sobre a questão. O resultado foi o aumento de sentenças favoráveis ao salvo-conduto para o cultivo individual e ao tratamento pago pelo Estado, a pessoas sem condições financeiras. E, assim, veio a lei e gratuidade do medicamento no SUS, em alguns estados brasileiros.

Doenças mentais estão entre as causas de tratamento

Mas a distribuição está sempre condicionada a quadros de doenças raras. São Paulo, por exemplo, restringe a três doenças: esclerose tuberosa, Síndromes de Lennox-Gastaut e de Dravet. Dor crônica, por exemplo, está fora. As pessoas com doenças mentais, como depressão e ansiedade, também não são contempladas, apesar de, segundo a pesquisa do Cannabis & Saúde, ser a segunda razão que leva ao tratamento com os derivados da planta.

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