"Precisamos urgentemente de ajuda. A chuva voltou a cair e novos deslizamentos de terra fecharam de novo a única estrada que conecta a região. Estamos isolados mais uma vez. Muita gente na Barra do Sahy está ficando sem água e sem alimento. Há feridos, alguns com gravidade, precisando de hospital, e o único jeito de removê-los é por helicóptero ou por embarcações capazes de alcançar nossa praia".
O relato é do jornalista Poio Estavski, assessor do Instituto Verde Escola, uma ONG que atende moradores de comunidades carentes do município de São Sebastião (SP) e que está atuando para resgatar sobreviventes do desastre climático que atinge o litoral norte paulista desde a madrugada de domingo (19).
Estavski indica que a sensação de desespero tomou conta de moradores e veranistas, e que não há quem não tenha sido atingido na Barra do Sahy.
"Nas encostas dos morros estão os moradores mais pobres, tentando, por conta própria, salvar seus parentes presos aos escombros ou soterrados pela lama. Próximo a faixa de areia, os danos foram materiais, as casas de veraneio estão alagadas e há muitos carros submersos. Não há energia, não tem água, e não tem como deixar o Sahy. Tem muita gente ferida, alguns com gravidade, e que precisam ser evacuadas rapidamente. Corpos não param de chegar da encosta, já contamos 25. Uma das salas do Instituto foi reservada para guardá-los, é como um necrotério. Está um caos", disse o jornalista, que, em apelo, pede o envio urgente de mais helicópteros e embarcações da Marinha.
Em vídeos gravados por moradores é possível ver uma encosta tomada por lama onde antes havia dezenas de casas humildes. Outro vídeo, gravado hoje pela manhã, mostra o desespero de um morador pedindo ajuda para retirar uma mulher e uma criança soterrados, aparentemente com vida, do que antes foi sua casa. Há também imagens recentes que mostram uma chuva intensa atingindo o morro que fica próximo a casas de veraneio da Barra do Sahy. Em outra cena, moradores e veranistas formam uma longa fila em frente a um dos poucos mercados que resistiram aos deslizamentos e alagamentos.
A ONG Instituto Verde Escola relata que mais de 100 casas foram soterradas pela lama na Vila Sahy, e que até agora contou cerca de 50 desaparecidos no bairro que fica situado entre o KM 172 da rodovia Rio-Santos e a encosta da Serra do Mar.
Através de seu perfil no Instagram, a ONG divulgou uma lista com cerca de 80 nomes de pessoas resgatadas e que estão sob seus cuidados, na sede do Instituto.
Para conseguir manter a ajuda, a ONG pede por doação de alimentos, água, roupas, toalhas e produtos de limpeza. "O problema é conseguir chegar. Já temos alguns empresários que estão emprestando seus helicópteros, decolando de São Paulo, para trazer as doações até o Instituto Verde Escola. Também temos um Pix para doações: verdescola@verdescola.org.br", relatou Estavski.
Além da Barra do Sahy, outros bairros de São Sebastião também foram gravemente atingidos. Em Juquehy e Topolândia foram registrados mais soterramentos.
Em Toque-Toque Pequeno não há sinal de telefonia nem energia elétrica e a população segue isolada pelas quedas de barreira nos dois lados da única estrada que conecta o bairro a outras regiões.
O arquiteto Mauro Guatelli, morador de Toque-Toque Pequeno, só conseguiu sinal de celular depois de caminhar até o alto de um morro. Através de mensagem de Whatsapp ele indicou que por ali ainda não foram registrados deslizamentos, mas algumas casas na beira da praia foram atingidas por um alagamento.
A prefeitura de São Sebastião divulgou os endereços onde estão sendo abrigados os sobreviventes da tragédia:
- Creche Débora Tavares Bahia – Av. Dário Leite Carrijó, 2.211 - Jaraguá
- EM Prof.ª Patrícia Viviani Santana – Av. Prof. José Machado Rosa, 899 - Topolândia
- EM Cambury – R. Olímpio Faustino, 155 - Praia de Camburi
- Instituto Verde Escola – Av. Marginal, 44 - Praia Barra do Sahy
- EM Prof. Antonio Luiz Monteiro – Estr. do Cascalho, 1.409 - Boicucanga
- EM Maria Virgínia Silva – R. Valinhos, 136 - Barra do Una
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