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Caio Guatelli
Descrição de chapéu violência feminicídio

Homenagens a Julieta Hernández pedem fim da violência contra a mulher

Manifestações se espalharam por 133 cidades brasileiras e 34 estrangeiras

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A chuva que atingiu grande parte do Brasil nesta sexta-feira (12) não desanimou as manifestações em homenagem à artista circense venezuelana Julieta Hernández, a palhaça Miss Jujuba, assassinada por um casal em dezembro passado em Presidente Figueiredo (AM) enquanto viajava de bicicleta.

Levantamento feito por administradores do perfil do Instagram Bicicletada Julieta, criado por amigos da artista, mostra que 133 cidades brasileiras e 34 cidades estrangeiras aderiram à manifestação. No exterior, foram registrados atos na Venezuela, Peru, Colômbia, Argentina, Chile, Uruguai, México, Espanha, França, Portugal, Holanda e Estados Unidos.

Palhaças lêem carta em manifestação que homenageou Julieta Hernández no vão livre do Masp, na noite de sexta-feira (12) - Caio Guatelli

Em São Paulo a concentração começou às 18h30 no vão livre do Masp, mesmo com a forte chuva que caía na região. Por causa do aguaceiro, a bicicletada da capital paulista foi substituída por um emocionante tributo, que às 20h chegou a reunir cerca de 500 pessoas em volta do grupo musical Cumbia Calavera, e de palhaças que leram uma carta manifesto em homenagem a artista.

"Me sinto massacrada e também um pouco assassinada como Julieta", disse a educadora e palhaça Ludimila Corrêa enquanto assistia às apresentações abraçada à sua filha Aurora, de 8 anos. "É revoltante viver numa sociedade que não consegue garantir o direito de ir e vir de uma mulher", completou.

Emocionada, a cicloativista e vereadora suplente Renata Falzoni (PSB) participou da homenagem. "Além do luto, Julieta nos trouxe um sincretismo cultural maravilhoso. Entre nós está tocando uma banda com uma forte raiz andina misturada com ritmos caribenhos, aqui no Masp da avenida Paulista, celebrando a vida maravilhosa de uma palhaça que alegrou muitas crianças, e que foi assassinada de maneira brutal exercendo uma coisa que é sagrada no mundo inteiro, que é viajar sozinha em segurança. O Brasil quebrou essa sacralidade", comentou Falzoni.

Na escadaria da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, manifestantes esticaram uma faixa que pedia o direito de viver sonhos em segurança, e uma palhaça usou um alto-falante para compartilhar as memórias dos últimos momentos vividos ao lado da amiga Julieta.

A bióloga Maria Claudia Kohler, mãe da socióloga Marina Kohler Harkot, atropelada e morta enquanto pedalava em 2020 em São Paulo, estava entre os manifestantes cariocas. "Julieta é uma mulher potente que fez muita coisa linda e com muita coragem, assim como todas que pedalam. Eu penso na dor da mãe, dos familiares e amigos e sinto essa dor. Esta é uma grande manifestação contra o medo, pelas escolhas e sonhos. Marina escreveu sobre as mulheres que não pedalam, e o medo é o que faz isso. Este é um movimento que não deve parar, e todo mundo deve se envolver, pois perder uma pessoa querida por qualquer tipo de violência pode acontecer com qualquer um", disse Kohler.

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