"Existem dois tipos de pessoa..."
Quando esta frase aparece num story do Instagram, lá vem um teste cretino para que você mostre ao mundo a que grupo pertence.
Cerveja ou vinho?
Doce ou salgado?
Chá ou café?
Café da manhã ou jantar?
As pessoas vão lá e respondem, sem se ligar na perversidade por trás dessa brincadeirinha tonta.
Você pode perfeitamente gostar tanto do jantar quanto do café da manhã –é melhor que seja assim, por sinal, e almoçar também é recomendável.
O mundo não quer saber se você gosta do feijão por cima ou por baixo do arroz.
O fato de começar a comer a coxinha pela ponta ou pela base não diz coisa nenhuma sobre o caráter de ninguém.
É possível gostar de pastel e de pão de queijo, de churrasco e de sushi, de pizza e de hambúrguer.
Não existe o antagonismo entre a torcida da paçoca e o fã-clube do pudim. Mas é assim que funciona nas redes sociais.
Lá, tudo precisa ser decantado até se tornar uma escolha binária. As redes podem parecer algo sofisticado demais, mas no fim das contas é linguagem computacional: se não é zero, é um.
Não existem só dois tipos de pessoas.
A vida não é uma sucessão de escolhas entre isto ou aquilo. Ou, pelo menos, não deveria ser.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.