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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Conheça a fórmula mágica para bater o mercado de ações

Administrar uma carteira de ações sem uma estratégia é como navegar no mar sem instrumentos

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Não é necessário uma estratégia extremamente complexa para ter retornos acima do mercado. Quem afirma isto é o gestor de recursos e autor do livro: A Fórmula Mágica de Joel Greenblatt para Bater o Mercado de Ações. Explico abaixo como você pode construir esta estratégia e se ela realmente funciona.

Para aumentar suas chances de bater o mercado, você precisa de uma estratégia adequada. REUTERS/Andrew Kelly ORG XMIT: PPP - AJK001 - REUTERS

Sem dúvida o autor realiza vários elogios em seu livro ao modelo que ele próprio criou. No entanto, sabemos que o próprio autor elogiaria seu modelo. Então pesquisei estudos acadêmicos que examinaram a estratégia da Fórmula Mágica (FM) de Greenblat.

Pesquisando no Google Acadêmico, é possível encontrar diversos trabalhos científicos testando este modelo para quase todos os mercados pelo mundo, inclusive o brasileiro.

Os trabalhos acadêmicos encontrados descrevem que a FM realmente produz resultados melhores que índices agregados como o Ibovespa.

Para o caso brasileiro, é possível citar a dissertação de mestrado de Leonardo Milane de 2016, a qual participei da banca examinadora, e o artigo de Pétrick Conceição de 2021.

Ambos encontraram que carteiras de ações que seguem o modelo de Greenblat resulta em maiores retornos que o Ibovespa, conforme apresenta o gráfico abaixo extraído do trabalho de Conceição.

Figura extraída do artigo de Pétrick Conceição. A figura descreve a evolução do investimento em três carteiras que seguem a Fórmula Mágica e o Ibovespa entre 2006 e 2021.
Figura extraída do artigo de Pétrick Conceição. A figura descreve a evolução do investimento em três carteiras que seguem a Fórmula Mágica e o Ibovespa entre 2006 e 2021. - Pétrick Conceição

Conforme descrito no trabalho de Milane, para construir portfólios com a Fórmula Mágica são necessários 6 passos. Estes passos deveriam ser realizados pelo menos uma vez por ano para rebalancear a carteira. Descrevo estas etapas a seguir:

1. Calcular o ROIC e Earnings Yield das empresas. O ROIC é a razão entre o EBIT (lucro operacional) e a soma do capital de giro líquido e do imobilizado líquido. O Earnings Yield é a razão entre o EBIT e a soma do valor de mercado das ações e a dívida líquida da empresa;

2. Ordenar os ativos do maior para o menor ROIC e atribuir uma pontuação iniciando em 1 para o ativo com maior ROIC, 2 para o segundo ativo de maior ROIC e assim sucessivamente até o ativo de menor ROIC;

3. Ordenar os ativos do maior para o menor Earnings Yield e atribuir a pontuação 1 para o ativo de maior Earnings Yield, 2 para o segundo ativo de maior Earnings Yield e assim sucessivamente até o ativo de menor Earnings Yield;

4. Somar as pontuações das empresas nos passos 2 e 3 para chegar à pontuação geral de cada ativo;

5. Ordenar os ativos em ordem crescente de pontuação geral encontrada no passo 4;

6. Escolha quantas ações você deseja ter no seu portfólio. Greenblat sugere 30 ações, mas o portfólio pode ser formado com quantidade menor. Assim, se quer montar um portfólio com 10 ações, selecione as 10 ações com maior pontuação.

Conforme Greenblat adverte em seu livro, seu modelo não vai funcionar em todos os anos. Ela seria uma estratégia para o longo prazo.

Segundo ele, a FM possivelmente perderia do mercado em pelo menos cinco meses de cada ano. Em pelo menos 25% dos anos, a carteira que acompanha este modelo perderia dos principais índices do mercado e em vários casos a carteira perde por dois anos sucessivos.

Essa advertência é importante para que todos entendam que por melhor que seja uma estratégia, ela nunca vai bater o mercado em todos os períodos. O próprio autor comenta a frustração nos primeiros anos em sua experiência de implementar seu modelo.

Não estou recomendando que sigam esta estratégia, mas a apresento como uma forma de ajudar os leitores a criar uma sistematização para a administração de suas carteiras de ações.

Como costumo dizer, administrar uma carteira de ações sem uma estratégia é como navegar sem instrumentos em um mar revolto no meio de uma tempestade. Você vai acabar se perdendo se não tiver uma estratégia adequada.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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