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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Três falhas dos investidores que aplicam em renda fixa para a aposentadoria

Investidores pecam em planejar a aposentadoria, até mesmo na parcela de renda fixa

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Planejar os investimentos para a aposentadoria é diferente do investimento daqueles que já estão curtindo a aposentadoria. Hoje vou abordar o primeiro caso, ou seja, como você pode planejar sua carteira de renda fixa pensando na aposentadoria. Discuto três falhas que os investidores cometem quando estão estruturando a parcela de renda fixa com esta finalidade.

Investidores pecam em planejar a aposentadoria, até mesmo na parcela de renda fixa. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK523 - REUTERS

A primeira falha se refere à liquidez.

Quando falamos em renda fixa, a primeira confusão que surge é a ideia de que renda fixa deveria ser de curto prazo e líquida.

Não confunda sua reserva de liquidez com a parcela de renda fixa para a aposentadoria. Você precisa ter consciência da diferença entre as duas.

Entendo que o fato de termos vivenciado vários momentos de incerteza e receios de mudanças políticas faz com que a maioria queira ter apenas títulos líquidos ou de curto prazo. Vários vivem com medo de um novo confisco. Mantém a ilusão de que se estiverem em títulos líquidos vão conseguir sacar antes.

Primeiro, as chances de um novo confisco como houve no governo Collor são mínimas. Segundo, se houver, assim como no passado, você não vai ficar sabendo a tempo de resgatar. Então aproveite os prêmios da renda fixa.

Entretanto, ter alguma liquidez na carteira é importante para aproveitarmos momentos como o atual em que as taxas de juros se elevam e você pode travar juros reais pelo médio e longo prazo. Mas, não precisa ter toda a carteira líquida.

Lembre-se, para aproveitar as oportunidades, você tem de investir. Se ficar sempre esperando que o cenário piore, vai perder várias chances de investir melhor.

Planeje aplicações escalonadas à medida que as taxas de juros reais (acima da inflação) sobem.

Considere também que se você está no caminho para a aposentadoria, ainda tem fluxos de entrada de caixa para investir no futuro com novas sobras de sua renda.

Outra falha comum dos investidores é não privilegiar títulos referenciados ao IPCA. Estamos acostumados com o conforto do CDI ou Selic, mas é preciso tomar cuidado.

Como a reserva criada será usada em 10, 20 ou 30 anos, sua maior preocupação é a corrosão do poder de compra, ou seja, a inflação, e garantir um ganho real acima desta.

Portanto, a parcela da renda fixa destinada à aposentadoria deve ser formada de pelo menos 60% em títulos ou fundos de renda fixa referenciados ao IPCA. Sim, pode dar mais volatilidade à carteira, mas esta é uma parcela para longo prazo.

Muitas vezes ficamos tentados a investir em títulos prefixados, pois parecem ter maior ganho. Seja muito parcimonioso com eles na parcela destinada à aposentadoria.

O prazo de vencimento dos títulos na carteira também é outro foco de confusão.

Usualmente, queremos resolver um problema e não gastar mais tempo com ele. Com isso, muitos marcam uma data e querem comprar todo o recurso em títulos com esta data.

Minha experiência, diz que não devemos alocar tudo para o longo prazo. A alocação em vencimentos intermediários, entre quatro e seis anos, muitas vezes possui uma relação de retorno por risco melhor.

Sem dúvida, travar taxas de juros reais no longo nos dar segurança, mas nem sempre elas possuem o maior prêmio e com certeza possuem o maior risco.

Lembre-se, títulos de longo prazo possuem maior sensibilidade a variações das taxas de juros. Logo, eles podem sofrer oscilações tão grandes como um índices de ações. Isso pode provocar ansiedade ao investidor no curto prazo e você se desesperar de que não está conseguindo bater a inflação.

Não abordei todos os pontos para não deixar o texto cansativo. Existem outros pontos a considerar como a escolha entre títulos com e sem juros periódicos ou entre títulos públicos e privados. Vou deixar estes e outros dilemas para um próximo artigo.

Considerando estes ajustes no seu portfólio de renda fixa, basta ter paciência para esperar os resultados.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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