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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Como se comportou o mercado acionário nas últimas eleições e o que esperar agora?

A percepção de risco pelo cenário eleitoral é maior do que o realizado

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Quando avaliamos o desempenho do mercado de ações no passado, temos de tomar muito cuidado com comparações. Existem sempre muitos eventos que influenciam o mercado e ocorrem ao mesmo instante. Portanto, isolar apenas um deles para traçar comparações carrega um risco de se estar desconsiderando outro fator que foi preponderante. Atualmente, existem dois fatores de risco que provocam incertezas no mercado. Um deles é a eleição presidencial e é sobre ele que vamos falar.

A percepção de risco pelo cenário eleitoral é maior do que o realizado. Spencer Platt/Getty Images/AFP - AFP

Como você acha que está a volatilidade do mercado agora em relação à média histórica das últimas duas décadas? Você diria que a volatilidade está maior ou menor que a média?

A volatilidade é uma das medidas de risco utilizadas no mercado financeiro. Ela retrata a dispersão dos retornos em relação à sua média.

Isso significa que se o preço das ações fica oscilando intensamente para cima e para baixo, a volatilidade é maior. Quanto mais estreita for a faixa de oscilação, menor é o risco, pois os retornos estão mais próximos da média.

Outra questão a se perguntar é: como o mercado se comportou nas últimas cinco eleições no período do início do ano até meados de setembro do respectivo ano? E deste momento até o final das eleições ou até o fim do ano?

As incertezas que os anos eleitorais trazem acabam por confundir investidores sobre a real situação do mercado.

Quando vivenciamos um evento, costumamos acreditar que ele é mais intenso que no passado. O mesmo efeito ocorre com a temperatura. Quando vivenciamos dias frios, acreditamos que o frio agora foi mais intenso que no passado.

Assim, a maioria dos investidores acredita que a volatilidade, ou o risco do mercado agora estaria maior que sua média histórica.

De fato, isso não é verdade.

O gráfico abaixo apresenta a evolução da volatilidade do mercado nas últimas duas décadas.

Evolução da volatilidade do Ibovespa ao longo das últimas duas décadas.
Evolução da volatilidade do Ibovespa ao longo das últimas duas décadas. - Michael Viriato

A volatilidade atual do mercado é de 18,4% ao ano. A média histórica de volatilidade é de 25,6% ao ano. Portanto, a volatilidade do mercado está menor que a média passada.

Apesar de acreditarmos que a polaridade política é mais intensa hoje que as encontradas nas últimas eleições, a volatilidade atual do mercado é menor do que a observada nas últimas cinco eleições. A tabela abaixo apresenta estes resultados.

A tabela apresenta, além da volatilidade observada no mercado exatamente no período de meados de setembro de cada ano eleitoral, também, o retorno do Ibovespa.

O retorno do índice é dividido em três partes. O primeiro período de retorno vai desde o início do ano até meados de setembro. O segundo período começa em meados de setembro até o fim do segundo turno. Por último, o terceiro período considera o retorno do Ibovespa depois do segundo turno até o fim do ano.

Tabela com os dados de volatilidade e retorno do Ibovespa nos anos de eleição presidencial no Brasil.
Tabela com os dados de volatilidade e retorno do Ibovespa nos anos de eleição presidencial no Brasil. - Michael Viriato

Neste ano de 2022, o retorno do Ibovespa foi de 4,3%, até a última sexta-feira. Apesar de ser um resultado bom comparado ao que ocorre no restante do mundo, não deixa de ser um desempenho apático.

A terceira coluna da tabela acima mostra que, exceto pelo ano de 2014, o desempenho do Ibovespa também não foi bom até meados de setembro de cada ano eleitoral.

Entretanto, exceto por 2014, os últimos três meses do ano foram bons ou, pelo menos, positivos.

Como mencionei no início, ainda se deve considerar o segundo risco que tira o sono dos investidores. Este risco é a alta de juros nos EUA que pode causar desaceleração de crescimento global.

Assim, não estou dizendo que estamos no melhor momento para se comprar ações.

Entretanto, com a perspectiva de fim do ciclo de alta de juros no Brasil e proximidade de encerramento do risco eleitoral, o mercado brasileiro de ações deve continuar desempenhando melhor que o americano no curto prazo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor

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Caso tenham dúvidas ou sugestões de temas, por favor, fiquem à vontade para enviar por e-mail.

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